O Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) inaugura nesta 6ª feira (28.mar.2025) o Edifício Pietro Maria Bardi, ampliando sua capacidade expositiva em 66%. A expansão permitirá ao museu exibir uma parcela maior de seu acervo de 10 mil peças, que inclui arte africana, das Américas, asiática, brasileira e europeia.
“Houve um momento chave, em 1968, 1969, que foi a inauguração do edifício da Lina Bo Bardi. Este é outro marco, um momento para olharmos para a nossa história e mostrá-la ao público”, disse Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, durante apresentação das instalações.
Batizado como “Cinco ensaios sobre o Masp”, o projeto de inauguração traz exposições que revisitam a história da instituição e preenchem lacunas de seu acervo. A mostra “Histórias do Masp”, localizada no 6º andar, apresenta uma linha do tempo com 429 itens que documentam a trajetória do museu desde 1947.
No 5º andar, o público pode conferir 13 obras de Renoir não exibidas conjuntamente há mais de duas décadas. Para a mostra, a arquiteta Juliana Godoy criou uma reinterpretação dos cavaletes de vidro concebidos por Lina Bo Bardi. “O dispositivo da Lina é rigoroso, com preto e vidro. Nossa proposta é mais lúdica”, afirmou Pedrosa. A curadoria é de Fernando Ribeiro.
A exposição “Geometrias”, com curadoria de Pedrosa, Regina Teixeira de Barros e Matheus de Andrade, busca corrigir uma ausência histórica na coleção do Masp. “A abstração geométrica não era de grande interesse do Pietro Maria Bardi, nosso diretor por 45 anos, desde a fundação em 1947 até 1992”, afirmou Pedrosa. “Sempre reconhecemos que temos enormes lacunas quando se pensa a abstração geométrica, algo tão importante para a história da arte brasileira do século 20, especialmente nos anos 50′.”
Das 67 obras presentes na mostra, 62 foram adquiridas desde 2015, e cerca de 20 delas entraram para o acervo apenas neste ano. “Continuamos ainda com várias lacunas, mas já conseguimos apresentar um panorama. Não é um panorama histórico, não queremos fazer o histórico da abstração geométrica”, disse o curador.
A exposição “Artes da África”, localizada no 3º andar, reúne 40 das 90 peças da coleção de arte africana tradicional do museu. Com curadoria de Leandro Nunes e Amanda Carneiro, a mostra inclui estatuetas, objetos cotidianos e máscaras usadas em festividades, rituais de iniciação, celebração ou funerais. As obras provêm de 17 culturas distintas, a maioria da África ocidental, de grupos como Guro, Senufo e Baulê, da atual Costa do Marfim; Dogon e Bamana, do Mali; Mossi e Bobo, da Burkina Faso; Baga, da Guiné; Axante, de Gana; Guere-Wobe, da Libéria; Hemba, do Congo; Mumuye, Ibibio, Igbo e Iorubá, da Nigéria; além de uma peça Chokwe, da Angola.
Uma videoinstalação poética sobre Lina Bo Bardi, criada pelo artista britânico Isaac Julien, ocupa o 2º andar do novo edifício. Julien, conhecido por seu trabalho com filme, vídeo e fotografia, criou uma obra exibida em 9 telas simultâneas com duração de 39 minutos. Na instalação, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres interpretam o escritos de Lina Bo Bardi. “É um trabalho bastante especial, uma exposição de ensaio poético”, disse Pedrosa. A mostra é curada por Pedrosa e Matheus de Andrade.
A expansão do Masp foi viabilizada por doações de André Esteves (BTG Pactual), Abilio Diniz, Ronaldo Cezar Coelho (Opportunity), Carlos Jereissati (Grupo Iguatemi) e Roberto Thompson Motta, entre outros. O projeto também contou com patrocínios da AkzoNobel, Citi Brasil, Nubank, Bradesco, Stellantis e Itaú.
Investimento e recepção
A obra, que custou cerca de R$ 250 milhões, foi totalmente financiada pelo setor privado, via doações de mais de 20 famílias. O edifício foi nomeado em homenagem ao marido da arquiteta Lina Bo Bardi, Pietro Maria Bardi (1900-1999).
O novo prédio conta com laboratório de restauração aberto ao público e espaço para cursos livres do Masp Escola. A construção de uma passagem subterrânea de 40m² interligando os dois edifícios está prevista para o segundo semestre de 2025.
O projeto arquitetônico, idealizado pela Metro Arquitetos Associados, gerou debates na cidade devido à sua estrutura monocromática em preto, que contrasta com o edifício original da avenida Paulista. “O prédio da Lina Bo Bardi, quando inaugurou, também causou estranhamento. Hoje, é um ícone da cidade”, afirma Paulo Vicelli, diretor de experiência e comunicação do Masp.
SERVIÇO
Cinco ensaios sobre o Masp –Inauguração do Edifício Pietro Maria Bardi
- Quando: 28 de março, das 10h às 20h30
- Onde: Av. Paulista, 1510 – Bela Vista – São Paulo
- Telefone: (11) 3149-5959
- Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta e quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas. Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
- Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)
