Vice-presidente falou com secretário de comércio dos EUA e espera que o Brasil não seja prejudicado pelas taxas
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o Brasil não deve ser alvo das novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos ao comércio exterior. Segundo o vice-presidente, os norte-americanos registram superavit na relação comercial com o país e por isso “o Brasil não é problema para os Estados Unidos”.
A declaração foi dada em entrevista a jornalistas depois da visita do vice-presidente à nova fábrica da Fresenius Medical Care em Jaguariúna (SP), inaugurada na manhã desta 6ª feira (28.mar.2025).
Alckmin ainda destacou que a cadeia produtiva entre os 2 países é integrada e que a taxação pode prejudicar as próprias empresas norte-americanas. “Se pegar o aço, nós somos o 3º comprador do carvão siderúrgico americano. Fazemos o semi elaborado e vendemos para eles, que fazem o elaborado. Isso vai encarecer produtos nos Estados Unidos”, afirmou.
O vice-presidente também disse que o Brasil já concede benefícios tarifários para os produtos norte-americanos. “Dos 10 produtos que os Estados Unidos mais exportam para o Brasil, 8 não pagam imposto de importação para entrar no Brasil”, disse, citando o regime que ele chama de “ex-tarifário”. Segundo ele, o fortalecimento da cooperação econômica entre os países beneficia 4.000 empresas dos EUA instaladas no Brasil, gerando empregos e investimentos.
Segundo Alckmin, o governo brasileiro espera que o Brasil fique de fora da tributação. “Nós tivemos uma conversa com Howard Lutnick, que é o responsável pelo comércio exterior, com o embaixador Grier, e colocamos a nossa posição e pedimos um diálogo”, disse Alckmin.
TAXAS PARA CARROS
Trump assinou na 4ª feira (26.mar) um decreto que aplica tarifas de 25% a todos os carros importados. Segundo a Casa Branca, a medida, que passará a valer em 2 de abril, deve resultar “em mais de US$ 100 bilhões” em arrecadação ao governo norte-americano.
“Se você construir o seu carro nos EUA, não terá tarifas. […] Nós temos muitas coisas animadoras, mas para mim essa [implementação de tarifas] é a mais incrível de todas. Este é o verdadeiro dia da libertação na América”, disse o republicano.
Em declaração na Casa Branca, Trump também afirmou que as tarifas buscam “cobrar dos países” pelos negócios que prejudicam os EUA, o que seria responsável por tirar o “emprego” e a “riqueza” dos norte-americanos.
O decreto de 4ª feira (26.mar) amplia a medida já planejada por Trump sobre automóveis. O governo pretendia aplicar tarifas a carros do México e do Canadá.
O presidente norte-americano informou que o país começará com uma taxa básica de 2,5% até 25%. A Casa Branca não informou se a medida vale para peças automotivas ou só para os veículos montados.