Presidente foi ao país tendo a questão como uma das principais; diz que o primeiro-ministro japonês “vai o mais rápido possível” mandar especialistas para analisarem o rebanho brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse acreditar que, ainda em 2025, a venda de carne bovina brasileira para o Japão será resolvida. O petista viajou ao país tendo como um dos principais objetivos a abertura do mercado para o produto nacional.
Segundo o petista, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou que “vai o mais rápido possível” mandar especialistas para analisarem o rebanho brasileiro. “E depois vamos ver se eles vão tomar a decisão”, afirmou em entrevista a jornalistas em Tóquio.
Lula disse estar satisfeito com a decisão do primeiro-ministro. Também disse esperar que, além da questão da carne, saia ainda neste ano “uma solução na questão do etanol, na questão dos investimentos”.
“O dado concreto é que nós vendemos uma carne de muita qualidade e a carne mais barata de todos os países. É importante o Japão saber disso”, disse Lula.
O Brasil é reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação. Por isso, o governo defende que o país atende a todas as condições impostas pelo Japão para tornar-se exportador para aquele país.
O governante brasileiro ainda defendeu um acordo do Mercosul (Mercado Comum do Sul) com o Japão e afirmou que a sua administração irá trabalhar para firmá-lo entre o bloco sul-americano e o país asiático.
“Quanto mais mercados nós abrirmos, quantas mais facilitações a gente fizer para as negociações, é muito melhor […] O mundo está precisando que cresça o comércio entre os países, entre os continentes e nós não aceitamos a ideia de uma nova guerra fria entre Estados Unidos e China. Nós já temos a experiência da Guerra Fria, que durou quase 50 anos, nós queremos efetivamente quanto mais liberdade e quanto mais comércio existir, melhor será para os países”, afirmou.
ONU E DISPUTA ISRAEL-PALESTINA
O presidente afirmou que essa foi a visita mais importante que ele já fez ao Japão, porque, segundo ele, é necessário “vencer o protecionismo e fazer com que o livre comércio possa crescer”.
“Não é possível a gente continuar com o mapa possível de 1945 [fim da 2ª Guerra Mundial, que começou em 1939] quando mudou muita coisa”, disse.
Lula voltou a defender uma reforma no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e criticou o organismo por não criar uma solução de 2 Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
Ele disse que “a mesma ONU que, em 1948, teve força para criar o Estado de Israel não tem nenhuma força” para criar o Estado Palestino.
“E nós achamos que não é possível manter uma governança global que perdeu um pouco de representatividade e muita credibilidade. Ou seja, hoje os membros do conselho de segurança tomam decisão, fazem guerras de forma unilateral sem conversar com ninguém e ainda têm o direito do veto, ou seja, as coisas pouco acontecem”, declarou.