Petrobras é genérica ao exigir trabalho presencial, diz sindicato

Petrobras é genérica ao exigir trabalho presencial, diz sindicato


Sindipetro-RJ defendeu funcionária da estatal que criticou aumento do trabalho presencial de 2 para 3 dias

O diretor do Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro), Antony Devalle, afirmou que a categoria concorda com as críticas feitas pela funcionária da Petrobras Luciana Frontin sobre a redução do teletrabalho na estatal. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, Frontin demonstrou preocupação com a exigência de mais dias presenciais.

A Petrobras anunciou em 9 de janeiro de 2025 que os funcionários em regime híbrido passarão a trabalhar presencialmente 3 dias por semana, em vez de 2. A mudança não se aplica a pessoas com deficiência (PCDs) e seus responsáveis. Segundo Devalle, a decisão foi tomada sem apresentar estudos que comprovem impactos negativos do modelo anterior. Questionada, a estatal não justificou a mudança e deu respostas genéricas.

“A produtividade se manteve alta desde a pandemia, e os resultados da empresa continuam excelentes. Questionamos a Petrobras sobre a base dessa decisão, mas até agora só recebemos respostas genéricas”, afirmou o diretor em entrevista ao Poder360.

O sindicato critica a falta de transparência da estatal e alerta que a medida pode afetar a qualidade de vida dos trabalhadores.

No vídeo publicado no Instagram, Luciana Frontin lê uma carta direcionada à Diretoria Executiva da Petrobras. Ela critica o aumento dos dias presenciais e afirma que a mudança já estaria impactando sua saúde e produtividade. A petroleira defende a manutenção do modelo híbrido e pede que qualquer alteração seja negociada com os trabalhadores.

Assista ao vídeo (2min47s):

O diretor afirma que, apesar das críticas nas redes sociais, a petroleira foi amplamente apoiada pelos funcionários da empresa. “A categoria petroleira concorda plenamente, pelo menos no setor administrativo”, ressaltou.

Impacto para os trabalhadores

Segundo Devalle, a mudança impõe dificuldades a muitos funcionários que, depois da venda de ativos e o desinvestimento da Petrobras nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), precisaram se realocar para outros Estados. Com o modelo de 2 dias presenciais, esses trabalhadores conseguiam viajar semanalmente para estar com suas famílias.

“Muitos petroleiros são do Nordeste, onde a empresa foi trucidada. Para manter seus empregos, precisaram se mudar para o Sudeste. Mas, por diversos motivos, nem sempre suas famílias puderam acompanhá-los, explicou.

Muitos adotaram um esquema de “bate e volta”, conciliando os dias presenciais com a vida em seus Estados de origem. Para o sindicato, a nova regra dificulta essa organização e pode prejudicar a rotina desses profissionais.

Outro impacto apontado é o deslocamento dentro do Rio de Janeiro. Durante a pandemia, muitos funcionários deixaram as áreas centrais e se mudaram para bairros mais distantes, buscando melhor qualidade de vida e menor custo. Agora, o aumento dos dias presenciais tornaria o trajeto mais longo e oneroso.

“As pessoas organizaram suas vidas com base na política da própria empresa. Com essa mudança, a rotina se torna mais difícil”, destacou Devalle.

Risco de mais restrições

O diretor do Sindipetro-RJ também afirma que a decisão pode ser o 1º passo para uma redução ainda maior do teletrabalho, com um possível retorno ao modelo 100% presencial. A Petrobras, no entanto, nega essa possibilidade.

“O teletrabalho não prejudica a produtividade da empresa. Pelo contrário, contribui para a mobilidade urbana, reduz impactos ambientais e melhora a qualidade de vida dos funcionários. É natural que a categoria queira manter esse modelo”, argumentou.

Mobilização dos petroleiros

A mudança imposta pela Petrobras levou entidades sindicais a se mobilizarem contra a decisão. Em manifesto divulgado à categoria, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) convocaram os trabalhadores para barrar “os sucessivos ataques da gestão Magda Chambriard aos fóruns de negociação coletiva”. Uma greve de 24 horas está marcada para 26 de março.

O Sindipetro-RJ é vinculado à FNP, e não à FUP. No entanto, em nota ao Poder360, a FUP também declarou apoio às críticas feitas pela funcionária da Petrobras Luciana Frontin.

Em nota a este jornal digital, a Petrobras afirmou que respeita “o direito de manifestação e tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho”. Leia a íntegra: 

“A companhia respeita o direito de manifestação e tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho aumentando de dois para três dias para a execução do trabalho de forma presencial na semana. A partir de 7 de abril de 2025, todos os empregados devem cumprir três dias de trabalho presencial na semana. Além disso, a companhia apresentou proposta para entidades sindicais de acordo específico de trabalho para pactuar esse ajuste pelo período de dois anos.

“Os mencionados ajustes visam atender os grandes desafios que a companhia tem pela frente alinhada a seu Plano Estratégico. A Petrobras está crescendo, investindo em novos negócios em variadas regiões do país e recebendo novos empregados e empregadas que demandam formação e mentoria por parte de profissionais experientes, além de ambientação nas respectivas áreas.”





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