Comentário que sugere falta de requisitos legais em prisões no país gerou má repercussão em Brasília, nesta sexta-feira (21), durante evento em João Pessoa, ministro destacou que corporação é ‘eficiente e preparada’

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, reviu sua declaração de que a “polícia prende mal”, após críticas de entidades da segurança pública e governadores. Nesta sexta-feira (21), ele afirmou que as forças policiais brasileiras são “altamente eficientes e preparadas”. A declaração inicial foi dada na quarta-feira (19), durante a abertura da reunião do Conselho Deliberativo da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), em Brasília. Na ocasião, Lewandowski argumentou que a suposta má qualidade das prisões feitas pelas polícias obrigava o Judiciário a libertar suspeitos. O comentário gerou forte reação de associações de delegados e peritos criminais, além de parlamentares e governadores.
Diante da repercussão negativa, o ministro disse que sua fala foi retirada de contexto e que, na verdade, defendia melhores condições de trabalho para os agentes de segurança. “Quero ressaltar publicamente que temos uma polícia brasileira altamente eficiente e preparada. Minha expressão foi pinçada fora do contexto. As polícias precisam ser melhor remuneradas, equipadas e informadas para que não haja necessidade de correções posteriores pelo Judiciário“, declarou Lewandowski durante evento em João Pessoa (PB).
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) repudiou a declaração original do ministro e afirmou que o governo federal deveria atuar para valorizar a Polícia Judiciária. “Só se pode falar em prisão mal realizada quando há ilegalidade, o que não é a realidade das audiências de custódia no Brasil”, disse a entidade em nota. A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) também criticou o ministro, apontando que as dificuldades das investigações decorrem da falta de investimentos do próprio Ministério da Justiça. “A ausência de um sistema estruturado de produção e análise de provas científicas limita o combate à criminalidade”, afirmou a entidade.
Governadores também reagiram. Romeu Zema (Novo-MG) disse que a Justiça solta criminosos reincidentes, enquanto a polícia faz seu trabalho. “É revoltante ver reincidentes nas ruas por saidinhas e benefícios inaceitáveis. Enxugamos gelo”, declarou Zema nas redes sociais. Eduardo Leite (PSDB-RS) também discordou da fala inicial de Lewandowski e defendeu mudanças na legislação para garantir a permanência de criminosos presos.
A polêmica ocorreu em meio ao debate sobre a PEC da Segurança Pública, defendida por Lewandowski como um mecanismo para estruturar diretrizes nacionais na área. A proposta busca padronizar informações entre polícias e o Judiciário, além de ampliar o papel da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. No entanto, também enfrenta resistência de governadores e parlamentares. A PEC prevê ainda a criação de um sistema unificado de informações sobre criminalidade, inspirado no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, a APCF critica a ausência de investimentos em perícia criminal e análise de provas científicas, apontando que o projeto desconsidera o papel das polícias científicas.

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Diante das reações, o Ministério da Justiça emitiu nota esclarecendo que Lewandowski se referia à necessidade de maior integração entre forças de segurança e o Judiciário. A pasta afirmou que, por falta de padronização e compartilhamento de dados, muitos magistrados não têm acesso a informações cruciais sobre os antecedentes dos suspeitos ao avaliar prisões em audiências de custódia. Apesar do recuo e da tentativa de esclarecimento, a declaração inicial do ministro segue gerando debates sobre a eficiência das polícias e as dificuldades do sistema de segurança pública no Brasil.
Publicada por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA