Acre, Paraíba, Amazonas, Pará e Alagoas são os Estados com situação mais crítica
No Dia Mundial da Água, comemorado neste sábado (22.mar.2025), o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) afirmou que 2,8 milhões de crianças vivem sem acesso adequado à água no Brasil, em especial nas áreas rurais. Os dados são do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil, publicado em janeiro, e dizem respeito ao período de 2017 a 2023. Eis a íntegra do documento (PDF – 5,4 MB).
O levantamento foi feito com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Apesar de o número de crianças e adolescentes sem acesso à água ter diminuído 31,5% no período, cerca de 1,5 milhão no país ainda vivem em situação mais extrema, morando em residências sem água canalizada.
Segundo o Unicef, 1,2 milhão conseguem acessar água canalizada só no terreno ou na área externa da residência. Nas áreas urbanas, cerca de 2,4% das crianças e adolescentes brasileiros sofrem sem acesso adequado à água. Já nas áreas rurais esse número cresce para 21,2%.
O Acre é o Estado em situação extrema, 12,7% das crianças e adolescentes vivem em locais sem acesso à água canalizada. Em seguida, vem a Paraíba, onde 12,2% vivem na mesma situação, e o Amazonas, que tem 11,3% das crianças e adolescentes sem acesso à água canalizada. Pará (9,8%) e Alagoas (9,1%) completam a lista dos 5 Estados mais críticos.
O Unicef diz que 19,6 milhões de crianças e adolescentes brasileiros vivem privados de níveis adequados de acesso ao saneamento básico, o que representa 38% do total desse público no país. Nas áreas urbanas, o percentual de crianças e adolescentes sem acesso ao saneamento básico ficou em 28%, enquanto que, nas áreas rurais, subiu para 92%.
O Acre também foi citado com situação mais preocupante. No Estado, 31,5% das crianças e adolescentes vivem em moradias sem acesso ao saneamento básico. Depois vem o Amazonas, com 23,5%. O Maranhão aparece na 3ª posição, com 19,8%. O Pará com 16,9% em 4º, e o Piauí, com 13,7%, no 5º lugar.
“As análises regionais revelam desigualdades persistentes, com Estados das regiões Norte e Nordeste apresentando as maiores taxas de privação. Em alguns desses Estados, mais de 80% das crianças ainda vivem em condições de privação de direitos básicos, o que destaca a necessidade de políticas específicas que abordem as peculiaridades e os desafios dessas áreas”, diz o estudo.
O Unicef realizou ações que beneficiaram, em 2024, mais de 250 mil pessoas em 8 Estados brasileiros, incluindo cerca de 75.000 crianças e adolescentes. As iniciativas foram voltadas para escolas, unidades de saúde, comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas nos Estados de Pará, Amazonas, Amapá, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Roraima e Rio Grande do Sul.
“Nosso trabalho é voltado para fortalecer as políticas públicas de acesso à água e ao saneamento, para que cada criança e adolescente no Brasil tenha esse direito garantido”, disse Rodrigo Resende, oficial de água, saneamento e higiene do Unicef no Brasil.
Com informações da Agência Brasil.