Ministro afirma que “brechas” foram criadas para favorecer a alta renda na cobrança de imposto; governo apresentou na 3ª feira (18.mar) proposta para ampliar isenção do IR
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na noite desta 6ª feira (21.mar.2025) que a decisão de apresentar uma proposta com mudanças na cobrança do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) se deu em razão de “brechas” criadas para favorecer os mais ricos. Ao argumentar a favor do projeto, afirmou que o governo “está pegando o pessoal da cobertura, que não pagava condomínio”.
Eis a analogia feita por Haddad em entrevista ao podcast Inteligência Ltda:
“Várias brechas foram sendo criadas para favorecer não é o andar de cima. É a cobertura. Nós estamos falando do 1% mais rico da população. Não são os andares de cima. Você está pegando o pessoal da cobertura, que não pagava condomínio. É como se você isentasse o morador da cobertura de pagar condomínio e o resto paga por ele. O que nós estamos falando? ‘Ô, você da cobertura: você vai pagar o que todo mundo paga aqui pelo menos.’”
O ministro também disse que a progressividade da tabela do IR é baixa. Declarou que combinou de dar o benefício com compensação.
Na 3ª feira (18.mar), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregou ao Congresso um projeto para isentar do IRPF quem ganha até R$ 5.000 mensais. O governo calcula que haverá redução de R$ 25,84 bilhões na receita em 2026 com a medida.
A compensação será feita ao estabelecer um imposto mínimo de 10% para quem tem uma renda anual superior a R$ 600 mil. De acordo com a equipe econômica, 141,4 mil pessoas serão obrigadas a pagar esse tributo.
A expectativa do governo é arrecadar R$ 25,22 bilhões. Outra parte (R$ 8,9 bilhões) virá de 10% do Imposto de Renda sobre remessa de dividendos ao exterior.
Haddad também disse que ampliar a faixa de isenção foi “promessa” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Ele só não cumpriu”, acrescentou o ministro.
Também mencionou o partido de Bolsonaro ao dizer que “vai ser muito difícil para o PL falar que é contra” a proposta.