ONU denuncia graves violações contra crianças na Ucrânia

ONU denuncia graves violações contra crianças na Ucrânia


Segundo o relatório, desde a invasão russa, 669 crianças ucranianas morreram e mais de 1.800 ficaram feridas

A ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou nesta 6ª feira (21.mar.2025) um relatório que condena o sofrimento “inimaginável” de milhões de crianças ucranianas nos 3 anos desde a invasão da Rússia.

O documento, elaborado pelo Acnudh (Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), revela violações sistemáticas dos direitos infantis em todas as áreas afetadas pelo conflito. Leia a íntegra do relatório, em inglês (PDF – 3,18 MB).

Entre 24 de fevereiro de 2022 e 31 de dezembro de 2024, de acordo com o relatório da ONU, 669 crianças morreram e 1.833 ficaram feridas, principalmente por causa do uso extensivo de armas explosivas em áreas povoadas. Dessas, 521 morreram e 1.529 ficaram feridas em território controlado pela Ucrânia, enquanto 148 morreram e 304 ficaram feridas em áreas ocupadas.

Os números reais provavelmente são muito maiores. Isso porque há dificuldade de verificar os dados de maneira independente e de saber com precisão a idade das vítimas.

As hostilidades em curso e a ocupação de partes da Ucrânia pela Federação Russa causaram violações de direitos humanos em grande escala e infligiram sofrimento inimaginável a milhões de crianças. Seus direitos foram minados em todos os aspectos da vida, deixando cicatrizes profundas, tanto físicas quanto psicossociais“, afirmou Volker Türk, alto comissário da ONU para Direitos Humanos.

Até dezembro de 2024, cerca de 737 mil crianças haviam sido forçosamente deslocadas dentro do país, enquanto 1,7 milhão eram refugiadas. Muitas crianças encontram-se separadas de pelo menos 1 dos genitores, geralmente do pai.

O relatório aponta que crianças em áreas ocupadas pela Rússia estão especialmente vulneráveis. O Acnudh verificou que, no 1º ano após a invasão, pelo menos 200 crianças, incluindo muitas que viviam em instituições, foram transferidas para territórios ocupados ou para a Rússia –atos que podem configurar crimes de guerra.

Moscou afirmou anteriormente que estava protegendo crianças vulneráveis de uma zona de guerra. No entanto, para a Ucrânia, as transferências são crimes de guerra que atendem à definição de genocídio segundo o tratado da ONU.

Em março de 2023, o TPI (Tribunal Penal Internacional) emitiu mandados de prisão para o presidente russo, Vladimir Putin, e para a sua comissária de direitos das crianças, Maria Lvova-Belova, em relação à deportação forçada de crianças ucranianas. A Rússia denunciou os mandados como “ultrajantes e inaceitáveis“.

De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, cerca de 50 mil pessoas foram reportadas como desaparecidas na guerra entre Ucrânia e Rússia no último ano.

Impactos na vida escolar

Após anexar ilegalmente 4 regiões ucranianas em 2022, as autoridades russas implementaram mudanças profundas nas leis e instituições dessas áreas: impuseram a cidadania e o currículo escolar russos, restringiram o acesso à educação em ucraniano e priorizaram treinamento militar-patriótico nas escolas, expondo crianças à propaganda de guerra. Essas mudanças violam o direito humanitário internacional.

Durante o período analisado, pelo menos 1.614 ataques destruíram ou danificaram escolas. Em resposta, as autoridades ucranianas implementaram diversas medidas, incluindo a exigência de abrigos antibombas nas instituições escolares ou a realização de aulas online.

Mais de 1/3 das crianças ucranianas frequentam a escola total ou parcialmente pela internet.

Segundo o relatório da ONU, após 3 anos de hostilidades incessantes, o nível de desempenho educacional das crianças diminuiu, comprometendo sua trajetória educacional futura e sua capacidade de realizar seu pleno potencial.

O alto comissário destacou a importância de reconhecer e abordar essas violações para garantir um futuro em que todas as crianças ucranianas possam recuperar seus direitos, identidade e segurança.


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