Otávio de Noronha, do STJ, afirma que comentário foi uma “brincadeira sem maldade” e que a fala foi distorcida pela imprensa
O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) João Otávio de Noronha disse nesta 5ª feira (20.mar.2025) que a “maldade está em quem ouve do que em quem fala”. Deu a declaração depois de ter sido criticado por fazer uma piada com baianos durante um julgamento da 4ª Turma da Corte na 3ª feira (18.mar).
Segundo o magistrado, a piada foi “uma brincadeira sem maldade” e que a fala foi distorcida pela imprensa.
“A vida nos mostra que a maldade está mais em quem ouve do que em quem fala. Eu tenho pela Bahia o maior apreço. O Brasil foi descoberto pela Bahia. O Brasil começa pela Bahia. A família real quando veio ao Brasil a 1ª parada foi na Bahia. A Bahia é terra de Rui Barbosa. A Bahia é terra dos maiores cantores brasileiros”, disse o ministro em sessão da 4ª Turma nesta 5ª feira (20.mar).
Ainda segundo Noronha, a piada foi contada a ele por um baiano, o ministro aposentado do STJ Peçanha Martins. Disse, ainda, lamentar a nota publicada pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sobre o caso.
“Fiquei triste de ver que o governador soltou uma nota considerando o comentário xenofobia. Onde? Sou eu que vou hostilizar os conterrâneos de Aliomar Baleeiro? De Caetano Veloso? Quero dizer que eu não vou me intimidar. Eu não me pauto pelo comportamento que a imprensa quer me traçar. Eu pauto aquilo que acho correto. Não se faz justiça com mau-humor”, afirmou.
ENTENDA O CASO
Durante a reunião da Corte na 3ª feira (18.mar), o ministro Raul Araújo, que é natural de Fortaleza, no Ceará, comentou que estava com um problema no menisco. Ele disse, em tom de brincadeira, que esse tipo de lesão é “comum a nós atletas”.
O presidente da 4ª Turma, Noronha, devolveu a ironia: “Vossa Excelência com esse corpo atlético deve ser jogador de basquete”.
Depois de Araújo responder, entre risadas, que havia se machucado jogando basquete, Noronha fez a seguinte piada: “Você já sabe, né? Baiano que joga basquete. Dizem que o baiano é tão ágil, tão ágil que, quando joga basquete, ele arremessa a bola na cesta [sexta] e ela só cai no sábado”.
Logo depois da fala, que arrancou risadas de alguns dos presentes, o ministro, mineiro nascido em Três Corações, pediu desculpas. “Os baianos que me perdoem. Eu tenho uma simpatia enorme pela Bahia. Não me expulsem de lá, porque eu adoro acarajé”, afirmou.
Nas redes sociais, o governador da Bahia criticou a fala, que classificou como “xenofobia pura”. “É estarrecedor ouvir, em pleno 2025, uma autoridade reproduzir um estereótipo preconceituoso contra o povo baiano. A fala descabida de um dos ministros de uma instituição respeitável como o STJ não pode ser considerada apenas uma piada de mau gosto”, disse.