Milhem Cortaz exibe um sorriso largo ao comentar sobre seu mais recente personagem, Osmar, o vilão “boa-praça” da novela “Volta por Cima”. Desde setembro de 2024, a trama das 19h tem conquistado o público com sua leveza e humor.
O ator se surpreende com a repercussão de seu trabalho e celebra um momento inédito na carreira.
“Nunca vivi o que está acontecendo agora. Nunca fui popular e hoje me sinto abraçado pelo povo, de verdade”, afirmou ao OFuxico.
Osmar, personagem interpretado por Milhem, é um homem cheio de nuances. Apesar de se esforçar, suas atitudes acabam resultando em situações desastrosas. Essa complexidade impulsionou o ator a um novo patamar em seus 30 anos de profissão.
O desafio de interpretar Osmar
Na trama das 19h, Osmar é um vilão que foge dos estereótipos tradicionais. Segundo Milhem, o personagem tem um lado infantil e desastrado, o que o torna mais real e até cômico.
“Ele é um crianção. Por mais que tente o contrário, as coisas não dão certo”, explicou o ator.
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O personagem também carrega traços de insegurança e solidão, aspectos que o ator confessa sentir na vida real, especialmente durante as gravações longe da família.
“Tem o machismo estrutural, o temperamento difícil, mas tudo isso carregado de insegurança. E até solidão. Esse tempo, gravando no Rio, longe da família, me sinto muito só e isso às vezes não cai bem”, destacou.
Síndrome do pânico e drogas
Com uma trajetória marcada por sucessos como “Carandiru” (2003), “Tropa de Elite” (2007) e a série “Os Outros” (2023), além de participações em mais de 15 novelas e 10 peças, Milhem enfrentou momentos difíceis.
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Lutou contra a síndrome do pânico e o vício em cocaína, superando essas dificuldades com o apoio da família, amigos e da esposa. Há 25 anos, divide a vida com a atriz e produtora Ziza Brisola, mãe de sua única filha, Helena, de 17 anos.
Criado em uma família candomblecista, o ator se declara católico. Atualmente, toda a família frequenta a igreja. “Esse é o grande déficit da minha vida, sou super de fé, carrego um pouco de cada uma delas, mas quero achar um lugar em que encontre meu ritual, que eu pare meu tempo para aquilo. Trabalhar o lado espiritual é muito importante, independentemente de qual caminho você escolher. E aprendi pelo budismo a me livrar da culpa”, disse ao O Globo.
Terapia e saúde mental
Defensor da cannabis medicinal, Milhem ressalta que as drogas representam um problema sério e explica sua visão sobre o tema. “Não é visto como (algo relacionado à) saúde, é visto como crime. Então tem muitos caminhos para discutir, a conversa é complexa”, destacou.
O ator segue uma abordagem terapêutica baseada na bioenergética, que trabalha a conexão entre corpo e respiração. Essa prática foi essencial para controlar suas crises de ansiedade. “Se deixar, eu vou falando tanto que até me confundo”, brincou.
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Ele também expôs os gatilhos que desencadeavam suas crises. “A maneira como eu acordava, uma pergunta que me fizessem. É a pior coisa que já vivi. Cheguei em um lugar próximo das pessoas que já tentaram se matar, mas sou um covarde e não faria isso. A natação me ajudou a controlar a respiração, a ansiedade. No começo, achei que ia morrer, mas depois, a vida voltava ao normal. A piscina era o útero da minha mãe. Nunca mais parei”, concluiu.