Nesta terça-feira, 18 de março, Lázaro Ramos lança seu novo livro, Na Nossa Pele, pela editora Objetiva, do grupo Companhia das Letras. A obra dá sequência ao sucesso “Na Minha Pele”, na qual o ator abordou as experiências que viveu ao longo da vida e os impactos do racismo.
Agora, ele traz relatos mais profundos e íntimos, incluindo episódios de sua infância que marcaram sua trajetória.
Um dos momentos mais impactantes narrados por Lázaro é sobre sua convivência com a mãe, Célia Maria, que faleceu quando ele tinha apenas 18 anos.
O ator descreve como algumas lembranças relacionadas à mãe estavam adormecidas, e como, em sua primeira obra, ele não teve “capacidade de reexaminar” a história de Célia. No entanto, no novo livro, Lázaro se permite revisitar esses episódios, alguns dos quais são profundamente dolorosos.
O ator relembra um episódio traumático de sua infância, ocorrido quando ele tinha apenas 10 anos. Em um dos dias em que acompanhou sua mãe, empregada doméstica, ao trabalho, o artista presenciou uma cena de agressão. Enquanto brincava no quarto, o ator ouviu um estalo e correu para verificar o que estava acontecendo.
“Percebi que a patroa da minha mãe tinha acabado de dar um tapa no rosto dela”, revelou Lázaro. A violência não parou por aí. “Ela continuou a humilhá-la”, completou. O jovem, sem saber como reagir, ficou paralisado, assistindo à cena sem palavras.
Lázaro Ramos supera o passado e busca Justiça
Após o incidente, Lázaro lembra que nunca tocou no assunto com a mãe. “Minha mãe notou que eu estava ali. Por alguns instantes permaneci parado, olhando para as duas. Minha mãe visivelmente não sabia o que dizer ou fazer, e eu me recolhi”, descreveu.
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Ela seguiu trabalhando na mesma casa por mais três anos. Somente em 2019, anos depois, o ator reviveria essa lembrança, durante um pesadelo. O impacto foi tão forte que ele se revoltou e chorou como se a agressão tivesse acontecido naquele momento.
“Chorei e me revoltei como se tudo tivesse acabado de acontecer”, confessou.
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A históriam contudo, ganhou um novo capítulo em 2022, quando i ator e diretor, durante um passeio em Salvador com seus filhos, comprou o apartamento onde a agressão ocorreu.
“A sensação foi de vingança misturada com justiça e insegurança. Descobri nesse dia que dava para sentir tudo isso junto”, relatou ele em seguida. O ator também afirmou que foi uma sensação de “querer fazer o tempo voltar” e poder compartilhar suas conquistas com a mãe, que não viveu para ver essas vitórias.
No final do livro, Lázaro conta que, como forma de homenagem à sua mãe, um grafite foi feito no local onde ocorreu a agressão. O apartamento agora pertence a uma associação que acolhe vítimas do trabalho escravo. “Quero todos os dias estar construindo uma história nova e me libertar daquilo que não me faz bem”, escreveu, por fim.