Evento pioneiro em Pequim reunirá 12 mil participantes e marcará o primeiro confronto oficial entre tecnologia e atletas
Pela primeira vez, uma meia maratona reunirá robôs e seres humanos em uma competição formal. O anúncio foi feito pelas autoridades chinesas, que confirmaram o evento para abril deste ano, em Pequim. A corrida acontecerá na Área de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico do Distrito de Daxing, conhecida como Beijing E-Town, e contará com 12 mil participantes, incluindo corredores de mais de 20 empresas de tecnologia.
Para competir ao lado dos humanos, os robôs precisam atender a requisitos específicos: ter uma estrutura humanoide, altura entre 0,45 e 2 metros e capacidade de locomoção bípede, ou seja, andar e correr com duas pernas. Modelos com rodas, por exemplo, estão proibidos.
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Embora esta seja a primeira edição oficial da competição entre humanos e máquinas, o robô “Tiangong” já havia participado de forma simbólica da Meia Maratona de Pequim no ano passado, quando completou a reta final ao lado dos corredores.
A realização da prova reabre a discussão sobre a capacidade das máquinas de superarem os humanos em atividades físicas e intelectuais. Desde o caso histórico em 1997, quando o supercomputador Deep Blue derrotou Garry Kasparov em uma partida de xadrez, até o triunfo do AlphaGo sobre o campeão mundial de Go, Lee Sedol, em 2016, o avanço da inteligência artificial vem redefinindo os limites da tecnologia.
Outros exemplos incluem o robô Curly, que venceu uma equipe sul-coreana em uma competição de curling em 2018, e demonstram o potencial das máquinas em diferentes esportes.
Para especialistas, o desafio atual vai além da competição direta entre humanos e robôs. “Não é a máquina no lugar do homem, é o homem como uma interface com a máquina e o homem habilitado pela máquina. Não adianta competir com a máquina. Temos que ser amigos”, afirmou Eduardo Levy Yeyati, autor do livro “Automatizados”.
Ainda assim, o debate sobre a humanização dos esportes permanece. “Há algo essencialmente humano que se perde quando atletas robôs praticam esportes”, escreveu Michael Cheng, especialista em inteligência artificial e filosofia. “Obtemos um valor de entretenimento substancial, ou até mesmo aprendemos mais, ao observar alguém ficar confuso. O fato de os humanos cometerem erros é uma característica, não um defeito.”