Com 418 anos de história, Igreja do Convento de Santo Antônio aguarda restauração urgente para preservação da estrutura
Um dos marcos históricos mais emblemáticos do Recife, a Igreja do Convento de Santo Antônio, construída em 1606, foi interditada após uma vistoria técnica apontar sérios riscos estruturais. O alerta veio depois que a Igreja de São Francisco, em Salvador, teve o forro desabado, o que resultou na morte de uma turista e deixou feridos.
Conforme a Defesa Civil, o teto está comprometido por ação de cupins e há rachaduras e esfarelamento de azulejos.
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Localizada na Rua do Imperador, no coração do Recife, a igreja integra o circuito cultural Recife Sagrado e recebe cerca de 300 visitantes por mês. O templo guarda o maior conjunto de azulejos holandeses fora da Europa, quase 900 peças, e uma cúpula de azulejos árabes no presbitério. O acervo artístico e arquitetônico faz do espaço uma joia do barroco rococó brasileiro.
O frei Edilson dos Santos, guardião do convento, relatou que a necessidade de vistoria emergencial surgiu após o episódio em Salvador. Em fevereiro deste ano, ele solicitou formalmente a presença do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Defesa Civil, que recomendaram a interdição imediata da nave, área onde ficam os fiéis durante as celebrações. O altar permanece acessível, mas também precisa de intervenções.
A comunidade não ficou desassistida e as missas seguem sendo realizadas na capela interna do convento, às terças, sábados e domingos.
Em nota, a Defesa Civil do Recife confirmou que os técnicos identificaram comprometimento e recomendaram a recuperação urgente da estrutura com profissionais habilitados. Já o Iphan, responsável pela fiscalização de bens tombados, reforçou que a Província Franciscana, como proprietária, deve zelar pela conservação do espaço e que a autarquia segue monitorando a situação.
Um relatório do próprio Iphan indica que há pelo menos 16 igrejas tombadas em Pernambuco em situação ruim ou péssima. Em nível nacional, o número chega a 100. No caso do Convento de Santo Antônio, um estudo feito em 2018 junto à Fundarpe já alertava para a deterioração do telhado. Desde então, nenhuma grande intervenção foi realizada, como afirmou o frei Edilson dos Santos.