Partido Demokraatit, de centro-direita, defende um processo gradual de independência em relação à Dinamarca; presidente dos EUA quer anexar o território
O Demokraatit, partido de centro-direita da Groenlândia, venceu as eleições parlamentares nesta 3ª feira (11.mar.2025). Tida como oposição aos atuais governantes, a sigla defende uma independência cautelosa e gradual em relação à Dinamarca, país que administra o território.
As eleições da Groenlândia foram marcadas pela sombra do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), que defende a anexação do território rico em minerais.
O Demokraatit teve 29,9% dos votos válidos, percentual consideravelmente alto em relação ao resultado do último pleito, realizado em 2021, no qual angariou 9,1% dos votos. O partido Naleraq, também de oposição e que defende um processo rápido de independência, teve 24,5% dos votos válidos.
Jens-Frederik Nielsen, líder do Demokraatit e ex-ministro da Indústria e Minerais da Groenlândia, reforçou o discurso de buscar a independência por meio de negociações graduais.
“O povo quer mudanças. Queremos mais negócios para financiar nosso bem-estar. Não queremos a independência amanhã, queremos solidificar uma boa fundação”, disse Nielsen, que tentará formar uma coalizão com outros partidos.
Os dois principais partidos de situação, Partido do Povo Inuíte e Siumut, conquistaram um total de 36% dos votos. É uma queda brusca em relação aos 66,1% de 2021. O premiê da Groenlândia, Múte Bourup Egede, disse respeitar o resultado das eleições e se disponibilizou para conversar sobre uma coalizão.
Antiga colônia, a Groenlândia passou a ser um território da Dinamarca em 1953. Conseguiu relativa independência em 1979, quando seu 1º parlamento foi formado, mas Copenhague ainda administra as relações exteriores, defesa, política monetária e provê cerca de US$ 1 bilhão anualmente à economia do território.
Em 2009, a Groenlândia conquistou, por meio de um referendo, uma autonomia maior em relação à Dinamarca. O processo de independência, porém, ainda dependeria de negociações políticas e legais com a Dinamarca, algo que esfriou em meio ao receio de que o território perdesse o apoio econômico dinamarquês.
TRUMP QUER GROENLÂNDIA
Em discurso no dia 4 de março ao Congresso norte-americano, Trump reforçou a intenção de adquirir a Groenlândia. O republicano declarou que os Estados Unidos obterão o território “de uma forma ou de outra”.
“[A Groenlândia tem] uma população muito pequena, mas um pedaço de terra muito, muito grande e muito, muito importante para a segurança militar”, declarou. “Apoiamos fortemente seu direito de determinar seu próprio futuro. E se você escolher, daremos as boas-vindas aos Estados Unidos da América”, afirmou.
Egede rebateu as declarações de Trump, dizendo que o povo groenlandês não quer ser norte-americano nem dinamarquês.
“Os norte-americanos e seu líder precisam entender isso. Não estamos à venda e não podemos simplesmente ser tomados. Nosso futuro será decidido por nós, na Groenlândia”, declarou em uma publicação no Facebook.
