Girão diz que pedirá o impeachment de Paulo Gonet

Girão diz que pedirá o impeachment de Paulo Gonet


Senador do Novo diz que PGR se omitiu e permitiu “cena dantesca” de ilegalidade

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou na 3ª feira (11.mar.2025) que vai protocolar um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Segundo declarações de Girão em uma entrevista no programa “Entrelinhas”, da Gazeta do Povo, o pedido será entregue à Presidência do Senado Federal às 16h desta 4ª feira (12.mar).

O senador afirmou que o pedido se justifica pelo fato de Gonet ter permitido a participação de Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator no inquérito sobre a tentativa de golpe, no depoimento do delator Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O militar é peça importante na investigação que levou à denúncia contra Bolsonaro e mais 33 pessoas por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes. “O Alexandre de Moraes não se diz vítima de tentativa de assassinato, de tudo? Como é que ele está ali participando?”, questionou Girão. “O Alexandre de Moraes é a vítima, ele é o delegado, o promotor, o juiz. E o Gonet assistindo àquilo tudo?”, disse.

Girão referiu-se ao depoimento dado por Cid a Moraes em 21 de novembro de 2024, em sessão da qual participou Gonet. O senador qualificou a audiência como uma “cena dantesca”. Em 20 de fevereiro, Moraes tornou público os vídeos desta e de outras sessões da delação premiada do tenente-coronel.

O senador afirmou que a condução do depoimento de Cid caracteriza, segundo ele, um aparente conluio entre a PGR (Procuradoria Geral da República) e o ministro do STF.

Parece algo encomendado, já está tudo combinado. É como o próprio delator, o Mauro Cid falou. Já está a narrativa toda pronta, tem só que confirmar. Eles vão fazer o que tiver de fazer. E fizeram ameaça inclusive à filha, ao pai. Isso por si só já está equivocado”, declarou.

Girão fez menção a uma gravação de áudio, divulgada em março de 2024, na qual o tenente-coronel dizia ter sido coagido a delatar Bolsonaro e fazia críticas a Moraes. Em relação ao de depoimento de novembro de 2024, contudo, a defesa do ex-ajudante de ordens negou que Cid tenha sido coagido por Moraes.

O senador divulgou um trecho da entrevista em seu perfil no X (ex-Twitter) e afirmou que o desembargador aposentado Sebastião Coelho é um dos que assinaram o pedido de impeachment de Gonet. Aos entrevistadores, disse que contará com a assinatura de 4 senadores, mas que está em busca de mais apoios.

Para aprovar um pedido de impeachment contra um procurador-geral da República, é preciso formar maioria absoluta, ou seja, são necessários 41 senadores.

Post Eduardo Girão pedido de impeachment contra Paulo Gonet, procurador-geral da República

DEPOIMENTO DE 21 DE NOVEMBRO

Em 21 de novembro, Moraes cobrou que o delator prestasse informações verdadeiras e suficientes para que o acordo de delação premiada seguisse válido.

Esta audiência foi convocada como mais uma tentativa de permitir ao colaborador que preste informações verdadeiras. Já há o pedido da Polícia Federal e o parecer favorável da Procuradoria Geral da República pela imediata decretação da prisão, ou seja, pelo retorno do colaborador à prisão”, afirmou o ministro do STF na ocasião.

“A eventual rescisão [do acordo de delação] englobará, inclusive, a continuidade das investigações e a responsabilização do pai do investigado, de sua esposa e de sua filha maior”, disse.

O pai de Cid, Mauro Lorena Cid, foi indiciado pela PF (Polícia Federal) no caso das joias, enquanto a sua mulher, Gabriela Cid, além das filhas do casal, segundo inquérito da PF também foram favorecidas, assim como Bolsonaro, pela fraude no cartão de vacinas.

É parte do acordo de delação premiada que benefícios como o perdão judicial ou a redução de eventual pena sejam estendidos aos familiares do tenente-coronel.


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