Segundo observatório internacional, mais de 1.000 pessoas morreram em confrontos no país desde a instalação do novo regime
O gabinete de Ahmad al-Sharaa, presidente interino da Síria, declarou neste domingo (9.mar.2025) que o governo vai formar um comitê independente para investigar as mortes em confrontos entre apoiadores do novo regime e forças leais ao ex-presidente Bashar al-Assad. As informações são da Reuters.
“Anunciamos a formação de uma comissão de apuração de fatos sobre os acontecimentos na costa e formamos uma comissão superior”, disse al-Sharaa. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, mais de 1.000 pessoas já morreram nos confrontos entre apoiadores do ex-presidente Bashar al-Assad e as forças de segurança do novo regime do país.
A declaração de al-Sharaa acontece no mesmo dia em que os Estados Unidos e a Rússia pediram ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) uma reunião para discutir a escalada da violência na Síria. O encontro está previsto para 2ª feira (10.mar).
A instauração da comissão também atende a um pedido do alto comissário da ONU para direitos humanos, Volker Turk. Em comunicado, Turk pediu um cessar fogo imediato na região costeira onde se concentram os conflitos e onde existem registros de que as forças do Estado sírio têm se encarregado de execuções.
“Há relatos de execuções sumárias com base sectária por perpetradores não identificados, por membros das forças de segurança das autoridades interinas, bem como por elementos associados ao antigo governo”, disse Turk.
As mortes na Síria também têm um caráter étnico. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um número significativo das mortes é de alauitas –grupo étnico-religioso ao qual pertence o ex-presidente Bashar al-Assad e representa cerca de 10% da população síria.
A comunidade tem o núcleo localizado nas províncias costeiras de Latakia e Tartus. Os confrontos eclodiram depois de os alauitas lançarem um ataque às forças de segurança em Jableh, em Latakia. O ataque resultou na maior onda de violência no país desde a queda de Assad em dezembro de 2024.
O presidente interino do país não informou quem fará parte do comitê independente que vai verificar os fatos sobre os confrontos na região onde a população alauita se concentra.
O governo de Assad, que estava no poder há 24 anos, caiu em 8 de dezembro de 2024, quando rebeldes do grupo HTS (Hayat Tahrir al-Sham) tomaram a capital Damasco. O HTS é o sucessor da frente al-Nusra, fundada em 2011 como um grupo filiado a Al Qaeda do Iraque e com ideologia jihadista.