Alta foi observada nas instituições públicas e privadas; movimento deve desacelerar em 2025, diz economista
Os grandes bancos mais relevantes do país ampliaram a carteira de crédito em 2024 na comparação com o ano anterior. O montante total passou de R$ 5,44 trilhões para R$ 6,12 trilhões. Houve uma alta de 12,5%, segundo levantamento do Poder360 com base nos balanços financeiros das companhias.
Os que mais elevaram o crédito foram o Itaú (+15,5%) e o Banco do Brasil (+15,3%), como mostra o infográfico abaixo:
A carteira de crédito equivale ao somatório de todos os empréstimos realizados em um determinado período. Geralmente é dividida em categorias empresarial e pessoal.
Juntos, os bancos estatais acumularam uma carteira de R$ 3,10 trilhões, com expansão de 12,9% em 2024. Os privados somaram R$ 3,02 trilhões, alta de 12,1%.
São valores e proporções próximas, mas com uma liderança ainda das empresas públicas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende aumentar os financiamentos por meio dos bancos estatais.
ECONOMIA AQUECIDA
Um dos fatores que influenciou a ampliação da carteira de crédito em 2024 foi a economia aquecida no ano. A análise é de Alex Agostini, economista-chefe da agência de risco Austin Rating.
“O ciclo de renovação do crédito é mais curto tanto por parte das famílias como pelas empresas, resultando em um ciclo virtuoso que se retroalimenta”, declarou o especialista ao Poder360.
Ou seja, a recomposição de renda permitiu que os clientes pedissem emprestado e pagassem os encargos com uma velocidade maior.
O PIB (Produto Interno Bruto) do país avançou 3,4% em 2024, acima do que era esperado nas projeções iniciais. Parte do crescimento se explica pelo perfil do governo. O welfare state de quase R$ 400 bilhões por ano com programas sociais e transferências de renda impulsiona os resultados, mas impõe desafios para o ajuste das contas públicas.
A economia aquecida maior que as expectativas trouxe impacto na inflação. O Banco Central iniciou um ciclo de alta nos juros na tentativa de controlar os preços e taxa básica está em 13,25% ao ano. Alex Agostini afirmou que o movimento deve desacelerar a expansão da carteira de crédito em 2025.
“A política monetária contracionista requer mais seletividade das instituições financeiras na oferta de crédito e, consequentemente, no volume operado”, disse.
O Banco Central aperta os juros desde o 2º semestre de 2024. Os efeitos das decisões da autoridade vêm a longo prazo, por isso só devem ser sentidas a partir deste ano.
INADIMPLÊNCIA E LUCRO DOS BANCÕES
As taxas caíram na maioria dos bancos. Isso influenciou na expansão das carteiras de crédito. O Bradesco lidera as quedas na inadimplência acima de 90 dias.
Leia o detalhamento no infográfico abaixo:
“Os indicadores de inadimplência estavam bem comportados, inclusive com queda. E isso também permite a expansão do crédito, principalmente porque mantém as instituições nos limites de solidez financeira”, declarou Alex Agostini.
Quanto ao lucro líquido, todos os bancos elevaram o indicador. O destaque vai para Santander (+47,8%) e Caixa (+31,9%). Parte do resultado vem da alta no crédito.
Eis os dados: