Congresso em Foco

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O sucesso do filme “Ainda estou aqui“, a primeira produção brasileira a conquistar um Oscar e a terceira maior bilheteira do cinema nacional, pode resultar em uma lei de incentivo às produções cinematográficas. O primeiro secretário da Câmara, deputado Carlos Veras (PT-PE), apresentou um projeto de lei (PL 742/25) que visa garantir a exibição, especialmente em cinemas tradicionais, de filmes nacionais premiados em festivais, já na semana de estreia. Ele propõe que, se aprovads pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República, a norma se chame “Ainda estou aqui”.

A proposta, que aguarda despacho para tramitar nas comissões, cria o Cadastro Nacional de Cinemas Tradicionais, definidos como espaços de exibição contínua ou intermitente. A manutenção do fundo ficaria a cargo da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

“Nós vamos sorrir. Sorriam”: família Paiva reunida para sessão de fotos é uma das cenas mais marcantes de “Ainda estou aqui”Alile Dara Onawale/Sony Pictures

São salas como o São Luiz e os Cinemas da Fundação, no Recife; o São José, em Afogados da Ingazeira; a do Dragão, em Fortaleza; o Cine Bangüê, em João Pessoa; o Glauber Rocha, em Salvador; e muitas outras pelo país, todas emblemáticas e que são preteridas pelas distribuidoras em favor das salas de shopping, que cobram ingressos mais caros e são menos acessíveis, explica o deputado na justificativa do projeto (veja a íntegra do PL).

Identidade cultural

Atualmente, muitos filmes brasileiros só são exibidos em salas tradicionais semanas ou meses após o lançamento. Veras argumenta que essa medida equilibra o mercado cinematográfico, garantindo maior acesso a filmes nacionais a um público mais amplo e diversificado, combatendo a priorização de salas de shopping em detrimento de cinemas de rua, históricos e com ingressos mais acessíveis.

As salas de cinema tradicionais são fundamentais para fortalecer o vínculo do público com o cinema nacional e valorizar nossa identidade cultural. Precisamos garantir que esses espaços sejam priorizados, incentivando sua preservação para fomentar a formação de público. Com ingressos mais acessíveis, essas salas tradicionais têm a capacidade de ampliar o acesso à cultura e democratizar o acesso ao audiovisual brasileiro, ressalta Veras.

Ainda na Câmara, a deputada Delegada Adriana Accorsi (PT-GO) apresentou um projeto que obriga a exibição de Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles, nas escolas de ensino médio da rede pública e privada, como parte integrante do programa pedagógico voltado à conscientização sobre temas sociais, históricos e de direitos humanos.

Senado

No Senado, o líder do PT, Rogério Carvalho (SE), apresentou uma proposta para incluir o nome do ex-deputado Rubens Paiva no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três, em Brasília. Paiva foi morto pela ditadura militar em 1971. A luta de sua esposa, Eunice Paiva, e de sua família para o reconhecimento de sua morte pelo Estado brasileiro, bem como a busca pelos seus restos mortais, é retratado em “Ainda estou aqui”.

Premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática e indicada ao Oscar de Melhor Atriz, Fernanda Torres foi indicada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) para receber o Diploma Bertha Luz. Concedido pelo Senado em sessão solene realizada sempre em março, mês da Mulher, o diploma homenageia mulheres e homens que contribuem para a defesa dos direitos das mulheres no país.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) propôs, ainda, a realização de uma sessão especial no próximo dia 31 para homenagear a família de Rubens Paiva, Fernanda Torres e a produção de “Ainda estou aqui”.

O filme, baseado em livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado e de Eunice Paiva, fez história. Até o momento, já recebeu 29 premiações nacionais e internacionais. Com três indicações ao Oscar, inclusive de Melhor Filme, conquistou prêmios como o Globo de Ouro, o Goya e o de melhor roteiro no Festival Internacional de Veneza.



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