O Acadêmicos do Salgueiro promete um desfile impactante em 2025, trazendo um enredo que mergulha nas raízes espirituais da escola. Com o título “Salgueiro de Corpo Fechado”, a proposta busca retratar rituais de proteção de diferentes culturas, passando por crenças africanas, práticas indígenas e elementos da tradição popular carioca.
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Novo na agremiação, o carnavalesco Jorge Silveira explicou a essência do projeto. “Nossa grande tarefa é apresentar na Marquês de Sapucaí grandes rituais dentro da cultura religiosa brasileira. Isso da maneira mais ampla e diversa possível. Dessa forma, queremos buscar a proteção que o Salgueiro precisa para atravessar a maior das encruzilhadas do sambista, que é a Sapucaí”.
De acordo com ele, o enredo destacará elementos ancestrais, como as benzedeiras, banhos de ervas e os talismãs trazidos pelos malês na Revolta da Bahia do século 19. Figuras emblemáticas da cultura popular também terão espaço, incluindo as ciganas da sorte, pombas-giras e o malandro batuqueiro, que, segundo Silveira, “vem fechando o corpo da escola rumo ao campeonato”.
Estreias, tradição e a força do Salgueiro
O desfile contará com a estreia da musa Flávia Alessandra na pista da Sapucaí. Tijucana de origem, a atriz não esconde a emoção. “Amo a avenida, mas é a minha primeira vez desfilando no chão. Muita emoção, ainda mais no Salgueiro, porque sou tijucana. Cada ruazinha que passo aqui tem uma memória, alguma lembrança”, disse ela, em suma.
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A velha guarda da escola também marcará presença com sua elegância e tradição. “É a melhor coisa que tem na escola. Já fui de tudo: passista, abre-alas por 40 anos, baiana”, afirmou uma integrante com orgulho.
Outro destaque será o grupo Mariposas, formado por mulheres do Salgueiro e premiado com títulos como Estandarte de Ouro e Gato de Prata. “É ser família e gostar de estar aqui, vestindo a camisa de verdade”, declarou uma componente.
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O desfile buscará incorporar a diversidade espiritual presente no Brasil. “A gente precisa se reforçar com essas energias, não só da ancestralidade, mas também com energias holísticas, macumbísticas, evangélicas, de onde vier. A gente tem que se agarrar para seguir. E o Carnaval é a junção de tudo”, destacou um membro da escola.
Confira a letra do samba
Salve, seu Zé, que alumia nosso morro
Estende o chapéu a quem pede socorro
Vermelho e branco no linho trajado
Sou eu malandragem de corpo fechado
Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o Salgueiro, acerta as contas na curimba
Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá
Quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar
Meu terreiro é a casa da mandinga
Quem se mete com o Salgueiro, acerta as contas na curimba
Prepara o alguidar, acende a vela
Firma ponto ao sentinela
Pede a bênção pra vovô
Faz a cruz e risca a pemba
Que chegou Exu Pimenta e a falange de Xangô
Tem erva pra defumar, carrego o meu patuá
Adorei as almas que conduzem meu caminho
É mojubá, marabô, invoque a Lua
Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho
Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco
Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia
No tacho, arruda e alecrim, ô
Bala de chumbo contra toda covardia
Tenho a fé que habita o sertão
De Lampião, o cangaceiro
Feito Moreno, eu vou viver
Mais de cem anos no meu Salgueiro
Tenho a fé que habita o sertão
De Lampião, o cangaceiro
Feito Moreno, eu vou viver
Mais de cem anos no meu Salgueiro
Sou espinho qual fulô de macambira
Olho gordo não me alcança
Ante o mal, a pajelança pra curar
Sempre há uma reza pra salvar
O nó desata, liberdade pela mata
E os mistérios do axé, meu candomblé
Derruba o inimigo um por um
Eu levo fé no poder do meu contra-egum