Um dos espaços mais disputados do sambódromo reúne experiências e histórias

Cerca de 8.000 convidados curtiram a primeira noite do Camarote Bar Brahma no Sambódromo paulistano, e a colunista que vos escreve foi convidada para vivenciar e escrever sobre a experiência para a audiência do site Jovem Pan. Tudo isso aconteceu porque minha primeira visita ao espaço foi em 2015, quando eu era repórter da Record, pelo “Programa da Tarde”, na época apresentado por Ana Hickmann, Ticiane Pinheiro e Brito Junior. Dez anos se passaram e o que pude perceber é que o CBB expandiu e só melhorou: o evento surpreendeu em vários quesitos e vou detalhar um outro lado da coisa toda e, ao fim da coluna, você vai entender onde quero chegar.
Posso dizer que do início ao fim a experiência é repleta de emoções distintas: quem me conhece sabe que sou avessa a multidões porque tenho receio de confusão e tudo mais e, para minha total alegria, não houve uma vírgula de aborrecimento. Aliás, pontos positivos para os itens organização, segurança e cordialidade de todos, desde o estacionamento até as mocinhas que cuidavam dos banheiros, passando por uma simpática senhora que customizou minha camiseta e super entendia de moda.
Sim, quero aqui destacar o lado B do camarote e do Carnaval, até porque, por iniciativa privada, principalmente, milhares de pessoas são empregadas nesses dias de folia. Foi buscando histórias diferenciadas assim que me deparei com um bate-papo muito bacana com Romulo Augusto, bartender do cassino instalado dentro do camarote já na avenida, que confessou que ama o que faz. “Este é meu quinto ano trabalhando aqui e eu amo o que faço. Sou ator e promotor de eventos e um eterno apaixonado por Carnaval, pessoas e essa entrega à arte, em todos os sentidos: seja a de servir um drinque ou a de recepcionar com um sorriso no rosto. Essa é a essência”, disse, emocionado.
Para Cairê Aoas, sócio da Diverti, produtora do evento, a estrutura é um coração que bate na energia positiva de entrega há 25 anos. “Estamos extremamente satisfeitos com a repercussão e a presença de várias personalidades em nosso espaço. Que este seja apenas o começo de noites ainda mais memoráveis. Estamos ansiosos e felizes pelos dias que estão por vir. Essa é, com certeza, uma edição que ficará na história do CBB”, declara.
Da comida aos shows empolgantes: eu conto tudo
O que você precisa saber sobre o Camarote? Vá com fome e muita vontade. São tantas as opções gastronômicas que você degusta vários tipos de pratos antes mesmo de chegar ao Anhembi. No receptivo que fica localizado no Expo Center Norte, as ilhas vão de opções frias a quentes, petiscos e opções mais sofisticadas, enfim, é impossível passar ileso por ali. Destaque para inúmeras geladeiras com opções múltiplas de bebidas e, claro, os paredões com torneiras em livre demanda.
Sobre os shows só existe um ponto negativo: é preciso ter muito pique (e pés) para acompanhar tudo o que acontece porque, para onde você olha, ouve, canta e dança, tem alegria, emoção, profissionalismo e entrega. A atenção se divide entre o palco do CBB e a passarela do samba e é comum ver os foliões para lá e para cá, tentando absorver e participar de tudo um pouco. Como jornalista, estive em todos os espaços, inclusive na arquibancada, e me deliciei com momentos únicos, reverenciando os sambistas e escolas que passavam. A varanda traz vista privilegiada da avenida, fica de frente para os jurados e exala felicidade o tempo todo.
Até no momento da limpeza, os garis que “desfilam” cuidando da passarela do samba após a apresentação de cada escola, são um show à parte. Fui testemunha de que muitos ali tem samba no pé e fazem seu trabalho, mesmo cansados, na madrugada e na exaustão, com sorriso nos rostos. É contagiante esse outro lado da festa mais popular do mundo e isso realmente tocou meu coração.
Nessa sexta-feira, Iza empolgou a todos com seu vocal maravilhoso e um repertório de respeito com o pé no samba, Ferrugem embalou com o pagode e hits na ponta da língua da galera, mas Alexandre Pires, na minha humilde opinião, foi o rei da noite: cantou, dançou, sapateou e até tirou sarro dele mesmo ao errar a letra de um dos sucessos mais antigos de “Só pra Contrariar”. Ele e toda sua banda fizeram tremer o CBB, que também se entregou ao charme, talento e presença sempre marcante de Ivo Meirelles e sua trupe no segundo palco, instantes depois.
Da avenida ao Camarote, o que percebi de diferente
A música une as pessoas e a paixão pelo Carnaval é quase como um alento para o momento atual que enfrentamos no Brasil de tanta insegurança, injustiça e incerteza. Assistir de pertinho à emoção dos sambistas ao apresentarem o trabalho final pelo qual tanto lutaram é gratificante e, ao mesmo tempo, extraordinário. Dava para sentir lágrimas nos olhos de quem trabalhava, desfilava, cantava e sorria e essa energia ecoa por todo Anhembi: é realmente impressionante. Tanto que, quando cheguei em casa, não conseguia dormir, o corpo fica cansado, porém, em estado de graça. É muito diferente!
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Conheci, em apenas uma noite, outras histórias como a do croupier do cassino, que me ensinou a jogar roleta e confessou: “Tenho 25 anos, moro com minha noiva na minha casa própria, tenho meu carro e moto e duas outras profissões porque minha mãe me ensinou a lutar muito na vida. Ela me criou sozinha e saia cedo para trabalhar, então aprendi a dar valor ao que realmente importa e um homem não é nada sem caráter, família, formação e força de vontade”. Quando ele me disse isso, eu retruquei respondendo: “Apostas encerradas”, afinal, ele já ganhou no jogo da vida, porque ter e praticar essa filosofia de dedicar-se ao trabalho digno e à conquista por luta e merecimento, infelizmente hoje em dia, é raridade. E claro, assim, saí de lá com sorriso nos lábios, coração quentinho e pés doloridos (pela maratona): mas tudo bem, ali percebi que o Brasil ainda pode ter jeito. Ufa!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.