Quinto desfile do Grupo Especial de São Paulo na madrugada deste sábado (1º/3) refletiu sobre diferentes ideias de justiça
O desfile da Acadêmicos do Tatuapé, o quinto do Grupo Especial de São Paulo na madrugada deste sábado (1º/3), fez uma provocante reflexão sobre respeito e intolerância com o samba-enredo “Justiça – A Injustiça Num Lugar Qualquer É Uma Ameaça À Justiça Em Todo Lugar”, que trouxe diferentes interpretações de justiça ao longo da história da humanidade.
A escola paulista apresentou impressionantes 23 alas, quatro alegorias e 2,8 mil componentes, reaproveitados de carnavais anteriores. O desfile trouxe desde divindades greco-romanas, alegorias cristãs, acontecimentos históricos importantes, e até mesmo a Constituição Brasileira.
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Entre as diferentes representações provocantes do samba-enredo, inspirado em uma célebre frase de Martin Luther King Jr., algumas das que mais chocaram o público foram um boneco enforcado ao lado de uma representação maléfica do deus grego Caos; e uma criança morta nos braços de uma réplica da estátua “A Justiça”, que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro destaque do desfile é que esta é a despedida do pioneiro Daniel Manzioni, que em 2007 estreou como o primeiro Rei de Bateria do carnaval brasileiro.
Confira a letra do samba-enredo da Acadêmicos do Tatuapé:
O caos imperava. Oh!, Dor inclemente!
É olho por olho, é dente por dente
Meu povo tá sofrendo mil anos ou mais
Qual será a receita da paz?
O julgamento talhou mandamentos
Teus olhos enxergam e fingem não ver
Em nome da fé pecou sem saber
Com a bênção do pai sou igual a você
Obanixé kaô Xangô
Clamei ao reino de Oyó… Justiça
A intolerância que assombra nossa luz
Chorou Maria aos pés da Santa Cruz
Flor mulher
Templo sagrado para se admirar
Sublime é… Orgulho em toda forma de amar
A Liberdade é nossa voz, é resistência
Chega de ódio, de tanta violência
Bata seu tambor
Respeita a minha fé
Reza pra quem é de aleluia ou pra quem é do axé
Tatuapé…
“ Poder” do povo preto está presente em nós
Marginalizados, excluídos
Que a Justiça seja sempre a nossa voz
A escola da emoção veste a toga da Justiça
Podem me julgar, falar o que quiser
De Luther King e Mandela a inspiração
Respeite o meu Tatuapé