TCU alerta para riscos institucionais em atraso de autarquia

TCU alerta para riscos institucionais em atraso de autarquia


Autoridade de Segurança Nuclear foi criada em 2021, mas não está funcionando plenamente; Tribunal deu 30 dias para definição de diretores

O TCU (Tribunal de Contas da União) identificou nesta 4ª feira (26.fev.2025) riscos institucionais na estruturação da ANSN (Autoridade Nacional de Segurança Nuclear), autarquia criada em 2021 para fiscalizar e regular a segurança nuclear no Brasil.

Segundo relatório da corte, há um atraso significativo na nomeação da diretoria da autarquia, o que impede seu funcionamento. Eis a íntegra do acórdão (PDF – 832 kB).

Foi determinado um prazo de 30 dias para que o MME (Ministério de Minas e Energia) encaminhe os nomes dos diretores e para que a Casa Civil finalize os trâmites necessários antes do envio ao Senado.

ENTENDA

A ANSN foi instituída a partir da cisão da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e depende da indicação de sua diretoria para iniciar suas operações. O MME encaminhou um nome para o cargo de diretor-presidente em outubro de 2023, mas a Casa Civil devolveu o processo, alegando necessidade de indicação da diretoria completa. Contudo, não houve definição dos indicados até o momento

O TCU alertou que a demora na nomeação pode configurar um “erro grosseiro” caso ocorra um evento nuclear de grandes proporções sem a atuação da ANSN.

O relatório cita como exemplo eventos que poderiam ter sido tratados pela autarquia caso já estivesse em operação, como o desaparecimento de cápsulas de césio-137 em Minas Gerais e problemas técnicos na Usina de Angra 1.

O tribunal também destacou que a demora compromete acordos internacionais assinados pelo Brasil sobre segurança nuclear. Caso a situação persista, o país poderá enfrentar dificuldades diplomáticas e até sanções em organismos internacionais.

FALTA DE ORÇAMENTO

Outro problema apontado pelo TCU é que a ANSN não tem recursos previstos na LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2024. Com isso, a entidade precisará operar com remanejamentos financeiros, o que pode atrasar sua autonomia administrativa e técnica.

A criação da ANSN foi prevista sem aumento de despesas, o que, segundo a avaliação da Corte, pode comprometer tanto a nova entidade quanto a própria CNEN, que ficará responsável por outras atividades do setor nuclear.

O governo federal optou por manter os recursos alocados na CNEN, considerando que a ANSN ainda não foi formalmente implementada. No entanto, essa situação pode gerar atrasos na consolidação da nova autarquia.





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