Manuela Dias não vai deixar a representatividade de lado no remake de Vale Tudo, que estreia em março. Isso já é uma das marcas do trabalho da autora, como em Justiça e Amor de Mãe. No primeiro trailer da novela que está por vir, isso fica ainda mais em evidência. Em conversa com jornalistas, Manuela ainda explicou o motivo da escolha por Taís Araujo como Raquel.
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“A gente consegue ver hoje que naquela época só tinha dois atores pretos na novela, né? Naquele momento até o nosso olhar era deformado racismo estrutural que era difícil até ver. Então, eu acho que hoje em dia a gente consegue ver, nomear, né? Existe um avanço incrível. Eu acho que a Raquel (Taís Araujo) sempre foi preta, né?”, disse.
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Vale lembrar que, na primeira versão, Raquel foi interpretada por Regina Duarte, assim como Maria de Fátima foi Gloria Pires.
“Ela (Raquel) era branca pela nossa incapacidade social, naquele momento, de perceber e de dar esse protagonismo para uma atriz preta. A gente, cada vez mais, entende e consegue realmente ver, construir, lutar por essa construção que tem que acontecer em todos os âmbitos”, acrescentou.
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‘A representatividade é central’, diz Manuela Dias
Manuela Dias ainda afirma que a representatividade é uma função da dramaturgia, que serve como transformação social.
“A representatividade é central, não só em Vale Tudo, como desde Justiça. Eu acho que é função da dramaturgia servir de ferramenta de transformação social. Isso é uma questão central na ‘contação’ de história. A gente conta história para se divertir, mas a gente conta para estruturar essa teia de valores que sustenta a nossa sociedade. Então, quando a gente tem representatividade, isso é uma atitude central, política, enfim, tudo que a gente sabe”.
Diferentes épocas
A autora ainda destaca que há 37 anos, quando a primeira versão de Vale Tudo foi ao ar, a sociedade não tinha o letramento que tem hoje em questões como racismo, machismo e luta de classes.
“A questão do machismo também, na primeira versão, é chocante. Todos, eu quero dizer 100%, inclusive Poliana, Afonso, os personagens mais bonzinhos. Ele dizia que ia bater na Aldeíde, ia dar na cara dela, é a expressão que ele usa. Então assim, a questão da agressão contra a mulher na versão de 88 é totalmente normalizada. Hoje em dia, a gente estranha e a gente é capaz de ver o que está acontecendo. Outros conceitos sociais e morais também estão muito diferentes, como a questão dos casais homoafetivos, a questão do alcoolismo”, finalizou.
Com previsão de estreia em março, ‘Vale Tudo’ é uma novela escrita por Manuela Dias, com colaboração de Aline Maia, Claudia Gomes, Márcio Haiduck, Pedro Barros e Sérgio Marques, baseada na obra de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. A direção artística é de Paulo Silvestrini, direção geral de Cristiano Marques, direção de Augusto Lana, Fábio Rodrigo, Isabella Teixeira, Matheus Senra e Thomaz Cividanes. A produção é de Luciana Monteiro, a produção executiva de Lucas Zardo e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.