A ascensão da Inteligência Artificial (IA) já esta transformando nossas vidas, mas será que essa dependência tecnológica está afetando nossa capacidade cognitiva?
![Conceito de inteligência artificial com m]ao robótica e cérebero cerca de neon](https://jpimg.com.br/uploads/2023/06/ai-cloud-concept-with-robot-arm-692x450.jpg)
Nas últimas décadas, a tecnologia avançou a passos largos, trazendo inovações que facilitam nosso cotidiano. Entretanto, estudos recentes indicam que a exposição excessiva a dispositivos digitais pode estar correlacionada com uma redução no Quociente de Inteligência (QI) das novas gerações. O neurocientista francês Michel Desmurget, em seu livro “A Fábrica de Cretinos Digitais”, destaca que, pela primeira vez na história, filhos apresentam QI inferior ao dos pais, fenômeno observado em países como Noruega, Dinamarca e França.
Historicamente, a introdução de novas tecnologias sempre suscitou debates sobre a substituição humana. Desde a invenção da locomotiva até o advento dos computadores e da internet, questiona-se o impacto dessas inovações na mão de obra e na cognição humana. Com a IA, não é diferente. Ferramentas como GPS, por exemplo, embora úteis, podem reduzir nossa capacidade de orientação espacial, uma habilidade que antes era constantemente exercitada.
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A dependência crescente de sistemas de IA para tarefas cotidianas levanta preocupações sobre possíveis efeitos adversos na cognição humana. Um estudo realizado por pesquisadores da Microsoft e da Universidade Carnegie Mellon concluiu que o uso contínuo de chatbots de IA pode resultar na deterioração das faculdades cognitivas, levando à diminuição do pensamento crítico e à dependência excessiva dessas ferramentas.
A neuroplasticidade, capacidade do cérebro de se reorganizar formando novas conexões neurais, é fundamental para o desenvolvimento intelectual. Contudo, a automatização excessiva de tarefas pode limitar esse processo. Quando confiamos exclusivamente em IAs para resolver problemas ou tomar decisões, deixamos de exercitar nosso raciocínio, o que pode resultar em uma neuroplasticidade limitada. Aprender e enfrentar desafios são atividades essenciais para manter o cérebro ativo e saudável.
Além dos riscos associados à IA, há uma tendência preocupante de valorização da ignorância, manifestada em frases como: “Não é necessário estudar, fazer faculdades, escolas etc.”. Essa cultura pode desestimular o esforço intelectual e promover a mediocridade. Paralelamente, o consumo exagerado de conteúdos pobres, como vídeos de “dancinhas” e desafios virais, contribui pouco para o enriquecimento cognitivo e pode desviar a atenção de atividades mais edificantes.
Para ilustrar os possíveis desdobramentos de uma sociedade que negligencia o desenvolvimento intelectual em prol do entretenimento vazio, recomenda-se assistir ao filme “Idiocracia” (2006). A obra retrata um futuro distópico onde a falta de incentivo ao pensamento crítico leva a uma população intelectualmente limitada, servindo como um alerta sobre os rumos que podemos tomar.
10 Recomendações para exercitar o seu Cérebro em Tempos de IA:
- Leitura Regular: Dedique tempo diário para ler livros, artigos ou revistas que estimulem o pensamento crítico e ampliem seu conhecimento.
- Aprendizado Contínuo: Inscreva-se em cursos online ou presenciais para adquirir novas habilidades ou aprofundar conhecimentos em áreas de interesse.
- Jogos de Estratégia: Engaje-se em jogos que desafiem o raciocínio lógico e a resolução de problemas, como xadrez ou quebra-cabeças.
- Exercícios Físicos: A atividade física regular melhora a circulação sanguínea cerebral, contribuindo para a saúde mental.
- Meditação e Mindfulness: Práticas que promovem a atenção plena ajudam a melhorar a concentração e a reduzir o estresse.
- Discussões Saudáveis: Participe de debates e conversas que desafiem suas opiniões e ampliem sua perspectiva sobre diversos temas.
- Aprender um Novo Idioma: Estudar uma nova língua estimula áreas específicas do cérebro, melhorando a memória e a cognição.
- Limitar o Uso de Tecnologia: Estabeleça períodos sem dispositivos digitais para permitir que o cérebro descanse e se envolva em outras atividades.
- Hobbies Desafiadores: Envolva-se em passatempos que requerem concentração e habilidade, como jardinagem, culinária ou artesanato.
- Participe de grupos de intelectuais: Esteja rodeado de pessoas como em associações de profissionais que também se preocupam em desenvolver o intelecto, principalmente em áreas que você também atua.
- DICA: Para interessados nos temas de Tecnologia da Informação e Inteligência Artificial, existe a Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados (APDADOS.org), que mensalmente reúne de modo online especialistas na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Em suma, embora a Inteligência Artificial ofereça inúmeras vantagens, é crucial equilibrar seu uso com atividades que promovam o desenvolvimento e a manutenção das capacidades cognitivas humanas. Afinal, a tecnologia deve ser uma aliada, não uma substituta de nossa inteligência.
Quer se aprofundar no assunto, tem alguma dúvida, comentário ou quer compartilhar sua experiência nesse tema? Escreva para mim no Instagram: @davisalvesphd.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.