A esquerda e a direita estão parcialmente certas e parcialmente erradas; cada uma tem seu nó a ser desatado para a conversa avançar

Lula x Bolsonaro. Bolsonaro x Lula. Esquerda x direita. Parece briga de escola. A discussão fica rasa e, muito provavelmente, acaba em briga ou reforça a ideia de que discutir não vale a pena. Com isso, quem perde é o Brasil, que, como sociedade, deixa de ter conversas construtivas. A esquerda, em geral, advoga por mais justiça social, liberdades individuais e mais suporte do Estado para a população.
A direita, por outro lado, majoritariamente defende a manutenção dos costumes e menos participação do Estado na economia. Pois bem, o caminho a ser trilhado para o futuro do país combina esses dois pontos de vista. A esquerda e a direita estão parcialmente certas e parcialmente erradas. Cada uma tem seu nó a ser desatado para a conversa avançar.
Eis um exemplo prático: a pauta de descriminalização da maconha é majoritariamente de esquerda, enquanto a de redução de gastos do Estado é majoritariamente de direita. No entanto, ambas são liberais. Ambas prezam por mais liberdade para a população, seja no âmbito pessoal ou empresarial.
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O primeiro nó a ser desnovelado é que, no campo cultural, a direita precisa repensar seus valores e visão de mundo. Ela deve inserir a equidade racial e de gênero na pauta das conversas (equidade racial não é o mesmo que igualdade). Precisa repensar sobre os motivos de ser contra a descriminalização da maconha.
Precisa entender da onde vem a crença de que “bandido bom é bandido morto”. Essa convicção, por exemplo, não tem resolvido o problema de segurança pública no país e dá carta branca para que muitos inocentes sejam mortos. Sejamos mais libertários e respeitosos com os gostos e vontades de cada um.
Como segundo nó, no campo econômico a esquerda precisa repensar de onde vem a crença de que um Estado grande é o melhor para a população; precisa analisar como surgiu a crença de que empresas privadas são um mal para a sociedade. A esquerda associa Estado grande à redução da pobreza.
Na realidade, um Estado grande pressiona a inflação de modo que ela continue elevada, abre espaço para que haja corrupção no governo, diminui o incentivo das empresas para crescer e não estimula a plena concorrência entre as empresas. Todos esses aspectos, no médio e longo prazo, são negativos para o país. Basta vermos o que ocorreu no governo Dilma.
Em um artigo publicado na revista Piauí, Samoel Pessoa explica esse ponto. O título é bem autoexplicativo: “A armadilha em que a esquerda se meteu: se o objetivo é reduzir a pobreza e a desigualdade, não há alternativa ao projeto social-democrata de FHC”.
*Eduardo Gomez é administrador de empresas e pesquisador. Escreveu o livro “Vamos fazer o Brasil?” disponível em versão online na Amazon.
Esta publicação é uma parceria da Jovem Pan com o Livres
O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que reúne ativistas e acadêmicos liberais comprometidos com políticas públicas pela ampliação da liberdade de escolha
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.