Não há espaço para discurtir anistia neste momento, diz Gilmar

Não há espaço para discurtir anistia neste momento, diz Gilmar


Ministro do STF considera ainda que Bolsonaro não será julgado pelo plenário da Corte, como espera a defesa do ex-presidente

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, afirmou que a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas encerra especulações sobre a tentativa de golpe em 2022 e enfraquece discussão sobre anistia.

Para ele, a rapidez de Bolsonaro em querer discutir anistia, mesmo antes do julgamento e sem saber se será condenado, é uma “antecipação de confissão”. “Espero que não haja espaço para o debate sobre a anistia”, disse em entrevista à Veja publicada na 6ª feira (21.fev.2025).

“Eu parto da premissa de que isso não é um tema hoje do Congresso Nacional, de que isso não é uma prioridade e de que isso não será tratado. E, certamente, como você pontua, nós estamos diante de uma precipitação. Mal sabemos o conteúdo da denúncia agora e os fatos ainda vão ser instruídos. Nós vamos ter uma instrução processual penal. Parece que é quase que uma antecipação de uma confissão, não é? E não é disso que se cuida. Então, não acho que que haja espaço para essa discussão neste momento”, afirmou.

Em relação ao julgamento, disse não achar que o caso vai para o plenário da Corte, como espera a defesa de Bolsonaro.

“Porque o regimento interno não faz muito tempo que foi modificado e mandou esses processos para as turmas, exatamente pelas dificuldades que se tinha de julgar em plenário. Casos mais recentes, a propósito dos fatos do 8 de Janeiro, estão sendo julgados pela Primeira Turma. Parece que esse será o caminho natural”, disse.

Segundo o ministro, ao contextualizar os eventos do 8 de janeiro à luz da recente denúncia da PGR, é possível perceber os atos fazem parte de um conjunto que comprometeu a estabilidade democrática no país. “Nós não podemos tratar isso como fato isolado”, afirmou.

Gilmar Mendes falou ainda que, caso Bolsonaro seja condenado, não acredita que o Congresso teria espaço para anular uma decisão do Supremo. Contudo, é preciso aguardar. 

 “Parto da premissa de que isso não é um tema hoje do Congresso Nacional. Não será tratado, e certamente é uma precipitação discutir isso sem o julgamento concluído”, declarou.

Além de comentar sobre os recentes acontecimentos, o ministro afirmou que uma reforma da administração pública, com ênfase na desmilitarização, ajudaria a democracia a se fortalecer depois do 8 de Janeiro.

Eu acho que seria muito bom o Congresso votar uma emenda reduzindo o papel dos militares em funções civis. Também limitando a atividade política. Quem quiser exercer a atividade política que vá para a reserva”, disse. 





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