Apesar de extremos, temperatura global cai no início de fevereiro

Apesar de extremos, temperatura global cai no início de fevereiro


Fenômeno “La Niña” ajuda a resfriar águas do Oceano, segundo especialistas; média do Brasil nos primeiros 17 dias é a menor desde 2021

A temperatura média global caiu no início de fevereiro de 2025 na comparação com o mesmo período de 2024, segundo dados do Observatório Copernicus, da UE (União Europeia). O resultado parcial interrompe a série de recordes de calor que vinha sendo registrada em quase todos os meses do ano passado, mas especialistas seguem preocupados com os dados.

Uma das causas apontadas para a desaceleração de temperatura é a “La Niña”, fenômeno que se caracteriza por uma leve diminuição das temperaturas em águas do Oceano e mexe com o clima de quase todo o planeta, incluindo o Brasil, e tomou força neste ano.

Dos dias 1º a 17 de fevereiro, a temperatura média no mundo foi de 13,3 ºC, ante 13,5 ºC no mesmo período de 2024 –o mais quente da história até agora. O número preliminar é mais baixo que o de anos anteriores, mas ainda está 0,5 ºC acima da média das últimas duas décadas.

Infográfico sobre a temperatura no Brasil e no mundo em fevereiro

SITUAÇÃO NO BRASIL

Apesar de recordes de calor nas regiões Sudeste e Sul, a temperatura média no Brasil também caiu nos primeiros dias de fevereiro quando comparada ao mesmo mês de anos anteriores.

Dos dias 1º a 17, os registros preliminares indicavam média de 25,3 ºC –menor temperatura desde 2021. Para efeito de comparação, em 2024 esse número havia sido de 26,0 ºC.

Infográfico sobre a temperatura no Brasil e no mundo em fevereiro

Segundo a meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) Danielle Ferreira, em anos de “La Niña” normalmente há redução das chuvas na região Sul do Brasil, tanto na quantidade, quanto na frequência. Isso pode resultar no aumento de calor nessas regiões.

Já no Nordeste e no Norte o que ocorre é o contrário: há mais chuvas e essas precipitações podem aumentar a chance de desastres e fenômenos climáticos irregulares.

Tatiane Barbosa, também do Inmet, explica que em 2024 o “El Niño” aqueceu as águas do Pacífico Central, o que favoreceu a elevação das temperaturas no país. Entretanto, neste ano a influência é do “La Niña”, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico.

“Mesmo com intensidade fraca, esse fenômeno tende a mudar os padrões atmosféricos, refletindo no aumento de chuvas em áreas como no Norte. Tudo isso impacta a temperatura média”, disse a especialista.

Apesar da leve queda agora, a rápida elevação da temperatura nos últimos 2 anos surpreendeu a comunidade científica. Entre as explicações, o pesquisador do IEA (Instituto de Estudos Avançado) da USP (Universidade de São Paulo), Carlos Nobre, menciona a redução da cobertura de nuvens baixas e da emissão de aerossóis, partículas que normalmente ajudam a refletir parte da radiação solar.

Os registros podem estar ligados ainda à seca extrema que atingiu o país em 2023 e 2024. Segundo ele, cerca de 60% do território brasileiro enfrentou estiagem severa. Com isso, a redução da umidade e da cobertura de nuvens favoreceu a elevação da temperatura.

JANEIRO FOI MÊS MAIS QUENTE

O 1º mês de 2025 foi o janeiro mais quente já registrado, segundo dados do Observatório Copernicus. De acordo com os números, a temperatura média do planeta Terra foi de 13,23 ºC. Esse marco é 0,79 ºC mais quente do que a média para o mês das últimas 3 décadas (de 1991 a 2020).

Quando considerada a média pré-industrial (1850-1900), janeiro de 2025 foi 1,75 ºC mais quente. Além disso, esse foi o 18º mês em um período de 19 meses em que a temperatura média global ficou 1,5 ºC acima dessa média.


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Esta reportagem contou com a colaboração da trainee do Poder360 Lara Brito, sob a supervisão dos editores deste jornal digital.





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