Desinteresse em aprovar Orçamento foi do próprio Planalto

Desinteresse em aprovar Orçamento foi do próprio Planalto


Presidente da Comissão Mista de Orçamento diz ver “com estranheza” declarações do governo sobre atraso; Haddad diz que acionará TCU

O presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento), deputado Julio Arcoverde (PP-PI), responsável por analisar a LOA (Lei Orçamentária Anual) no Congresso, afirmou nesta sexta-feira (21.fev.2025) que, “se houve desinteresse” em votar o Orçamento de 2025 em 2024, partiu “do próprio Palácio do Planalto”.

O congressista fez a declaração poucas horas depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar que acionará o TCU (Tribunal de Contas da União) por conta do atraso na votação, que, pelas regras do Congresso, deveria ter sido realizada em 2024.

Em nota à imprensa, Arcoverde disse que o suposto “desinteresse” do Executivo em votar a proposta também se deu pelas “confusões jurídicas provocadas” pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

Ao longo de 2024, os Três Poderes travaram embates sobre a execução das emendas. O STF diz que faltam regras de transparência e rastreabilidade para identificar quem as indica e como os recursos são utilizados na ponta final. 

A Corte suspendeu a liberação das verbas inúmeras vezes. Os congressistas veem a posição do STF como uma interferência indevida no Legislativo.

Arcoverde declarou que “vê com estranheza as declarações de integrantes do primeiro escalão do governo ao atribuir à CMO” o atraso.

“Ao contrário, o colegiado sempre demonstrou interesse em discutir e votar a LOA de 2025. Inclusive, várias sessões deliberativas foram suspensas durante meses para garantir o quórum necessário para dar início à votação da peça orçamentária”, declarou o deputado.

O Poder360 apurou que o presidente da CMO estaria insatisfeito com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política do governo no Congresso.

ORÇAMENTO ATRASADO

Nesta 6ª feira, Haddad disse entender que o Congresso “tem dado sua contribuição” para a questão fiscal, mas que o Orçamento precisa ser aprovado. 

Nós estamos já no final de fevereiro, daqui a pouco o carnaval. Quer dizer, para onde vai isso? A gente entende que o Congresso tem dado a sua contribuição. No ano passado mesmo, [os congressistas] aprovaram muitas leis que ajudaram a equilibrar as contas públicas, sem as quais seria difícil fechar o Orçamento. Então, é importante dizer que o Congresso fez uma parte importante do trabalho, no ano passado, ao ajustar algumas despesas que estavam saindo do controle justamente para ter o Orçamento equilibrado”, declarou.

Sem a Lei Orçamentária votada e sancionada pelo presidente da República até 31 de dezembro, o Poder Executivo está autorizado a realizar só despesas consideradas essenciais ou obrigatórias.

Em 2024, o Congresso aprovou 3 propostas do pacote de corte de gastos do governo. A expectativa era votar o orçamento logo depois, mas, às vésperas do recesso legislativo, o texto foi adiado para 2025. A previsão é que seja analisado logo depois do Carnaval.





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