O advogado Renato Loureiro, responsável pelo pedido de Flordelis, alega que a situação da pastora é crítica.
Cumprindo pena de 50 anos de prisão pelo assassinato do marido, a pastora e ex-deputada Flordelis, de 64 anos, fez uma publicação nas redes sociais na noite desta quarta-feira relatando graves problemas de saúde e pedindo ajuda. Detida há quatro anos na Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Bangu, Zona Oeste do Rio, ela afirma que sua condição médica está se agravando e que está “lutando contra a morte”. As informações são do jornalista Ullisses Campbell, da coluna True Crime, no O Globo.
Na carta divulgada, Flordelis lista uma série de enfermidades, incluindo síndrome do pânico, fobia social, depressão, crises convulsivas, AVC, insuficiência renal, problemas cardíacos e princípio de infarto, além de alegar estar sofrendo com amnésia total e incontinência urinária. “Estou me urinando toda”, escreveu. O documento, endereçado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, foi anexado ao seu processo de execução penal.
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Seus advogados tentam, há algum tempo, obter para ela o benefício da prisão domiciliar humanitária, normalmente concedido a detentos com quadros clínicos graves ou idosos acima de 80 anos. Em São Paulo, por exemplo, o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por estupros, já fez diversos pedidos para sair da cadeia sob justificativa semelhante, sem sucesso.
O advogado Renato Loureiro, responsável pelo pedido de Flordelis, alega que a situação da pastora é crítica. “Flordelis está morrendo na prisão. Precisa sair urgentemente para se tratar com médicos particulares”, afirmou ao blog.
Na carta, ela relata ter sofrido uma queda dentro da penitenciária, o que teria resultado em fraturas na cabeça, rosto e na quebra de parte dos dentes. “Tenho dificuldade para comer porque não consigo mastigar”, escreveu. No texto, além de reforçar a gravidade de seu estado de saúde, Flordelis também reafirma sua inocência. “Preciso de ajuda. Estou presa por um crime que não cometi, mas hoje preciso de auxílio para algo que é um direito de todo ser humano: a saúde”.
A pastora menciona ainda um episódio de amnésia total há 30 anos, alegando que nunca recebeu acompanhamento médico adequado porque seu marido, o pastor Anderson do Carmo, acreditava que poderia cuidar dela sozinho. Durante o julgamento, sua defesa tentou usar os lapsos de memória como um fator atenuante para sensibilizar os jurados.
Dentro da prisão, Flordelis afirma ter perdido contato com sua família biológica, exceto por sua irmã mais velha, Laudicéia, que a visita sempre que possível. Segundo a pastora, foi através da irmã que soube que já havia passado por internações psiquiátricas. Ainda na penitenciária, ela diz que se tornou dependente de medicamentos e que encontrou na música e no trabalho artesanal uma forma de distração.
“Quando cheguei à penitenciária, fui apresentada com síndrome do pânico, fobia social, depressão e crises convulsivas. Passei dez dias no isolamento e só fui retirada porque desmaiei. Não sei por quanto tempo fiquei desacordada. Quando acordei, fiquei sozinha, com a testa sangrando, e precisei me arrastar até a cama. Quando o guarda fez a conferência, viu o ferimento e me encaminhou ao ambulatório. Fui atendido por uma médica chamada Patrícia — não me registro do sobrenome. Foi ela quem me retirou do isolamento e me transferiu para a cela das grávidas, que cuidou de mim, assim como eu cuidei delas”, relatou.
Segundo Flordelis, há meses ela aguarda a realização de três exames médicos essenciais: holter (para monitorar sua condição cardíaca), ultrassonografia total do abdômen (para investigar queixas de náuseas e outros sintomas) e um raio-X da cabeça e do rosto (necessário após a queda que sofreu dentro da prisão). Apesar das recomendações médicas, ela afirma que nenhum dos exames foi realizado até o momento.
Além disso, a pastora menciona que tem vivido experiências perturbadoras dentro da prisão, alegando que ouve vozes e vê vultos. Para tentar se distrair, ela conta que se dedica ao crochê.