Itamaraty quer adiar entrada do Brasil na Opep+ para 2026

Itamaraty quer adiar entrada do Brasil na Opep+ para 2026


Enquanto o Ministério de Minas e Energia defende a adesão, a diplomacia cita a imagem do país às vésperas da COP30

A possível entrada do Brasil na Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados) provocou divergências dentro do governo. Enquanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), considera certa a adesão ao cartel, o Itamaraty defende o adiamento da decisão para 2026.

Conforme apurou o Poder360, a diplomacia brasileira tem como prioridade a COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA). A avaliação é de que aderir agora à Opep+ pode comprometer a imagem do Brasil como líder na transição energética.

Silveira, por outro lado, argumenta que o Brasil poderia influenciar a Opep+ a adotar práticas mais sustentáveis, com destaque para os biocombustíveis.

O ministro apresenta uma visão mais episódica, mirando as eleições de 2026. A motivação é a mesma vista em relação ao impasse entre o Planalto e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas.

CONVITE E REPERCUSSÃO

O convite para ingressar no grupo foi feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em novembro de 2023, durante a COP28. A possibilidade causou reações negativas, desviando o foco da agenda ambiental brasileira no evento.

Para se tornar integrante, basta uma decisão do Planalto. No entanto, o Itamaraty avalia que a adesão pode levar um desgaste no capital político internacional do Brasil.

Pedro Rodrigues, sócio do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), disse que a adesão teria pouco impacto prático. Segundo ele, a Opep perdeu relevância, pois a oferta de petróleo cresceu fora do grupo, com destaque para EUA, Brasil, Noruega e Guiana.

Além disso, Rodrigues declarou que o país não tem meios para atuar como protagonista no cartel, ao contrário da Arábia Saudita e da Rússia, que controlam suas petroleiras.

“No Brasil, a Petrobras tem sócios minoritários. Ou seja, por mais que o governo sempre tente influenciar, ela não é um agente totalmente dominante. Além disso, tem cada vez mais, tem novas empresas, como a Prio e a Brava, por exemplo”, afirmou.

Já o cientista político Paulo Ramirez, da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), vê um possível ganho diplomático. Para ele, a adesão poderia fortalecer o Brasil em negociações comerciais com o governo de Donald Trump (Republicano), dos Estados Unidos, que recentemente elevou as tarifas sobre produtos brasileiras.

No entanto, ele apresenta a mesma percepção do Itamaraty sobre os impactos ambientais e contradições com as promessas do governo.

“Do ponto de vista do meio ambiente, é um retrocesso. De fato, porque isso pode gerar no Brasil uma exigência de maior busca de novas bacias petrolíferas. E, consequentemente, mais poluição. Então, isso é evidente. Ainda mais em um ano que o Brasil vai sediar a São umas contradições do governo Lula. Mas isso faz parte do script no Lista”.

O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) debaterá o tema na reunião da próxima terça-feira (18.fev.2025).





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