O petista também afirmou que a mineradora já esteve entre as empresas mais importantes do mundo, mas declarou que isso se perdeu
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou surpreso sobre o governo de Minas Gerais ter “tantas críticas” a Vale. Segundo o chefe do Executivo, a empresa não merece ter sua imagem “arranhada” depois do rompimento das barragens em Brumadinho e em Mariana, ambas no Estado.
“Não é possível que, em Minas Gerais, se tenha tanta crítica por parte do governo a Vale. Não é possível que o companheiro Helder [Barbalho], que é de um Estado que fornece as maiores condições para a Vale ser ainda maior, tenha muita divergência com a empresa. Alguma coisa aconteceu”, afirmou nesta 6ª feira (14.fev.2025) em anúncio de investimentos da mineradora, em Parauapebas (Pará).
Para Lula, a mineradora não poderia ter permitido o rompimento das barragens, pois isso manchou sua imagem. “A Vale não merece, [assim] como o povo de Brumadinho e Mariana não mereciam aquelas barragens. A Vale também não merecia porque sua imagem ficou arranhada. Uma empresa com a magnitude e da respeitabilidade da Vale não poderia ter permitido que aquilo acontecesse”, declarou.
O petista também fez elogios ao CEO da mineradora, Gustavo Pimenta. Afirmou que sua eleição é uma oportunidade de restabelecer os interesses estratégicos da empresa para o país.
Lula cobrou a mineradora sobre seu desempenho. Disse que conheceu a Vale como uma das empresas mais importantes do mundo e criticou o fato de ela ter perdido esse posto. O petista não detalhou de qual ranking estava falando.
A Vale enfrenta uma desvalorização que levou o seu valor ao pior patamar desde 2016. As ações da mineradora recuaram 23,32% em 2024, influenciadas pela redução no preço do minério de ferro no mercado internacional.
CRÍTICAS À VALE
Em janeiro de 2024, Lula tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na presidência da empresa. Reclamava de não ter proximidade com a companhia. A articulação, no entanto, teve forte reação negativa do mercado financeiro e dos agentes econômicos em geral. Isso fez o petista desistir.
Na época, Lula intensificou as críticas à mineradora. Em 25 de janeiro de 2024, ao lembrar os 5 anos da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, o petista disse que a empresa não havia feito nada para reparar a destruição causada.
A empresa, porém, já havia fechado um acordo de medidas reparatórias com o Estado de Minas Gerais no valor de R$ 37 bilhões, assinado em fevereiro de 2021. Em comunicado divulgado em 15 de janeiro de 2024, a Vale afirmou que também acertou acordos separados de indenização com 15.400 pessoas. O valor total foi de R$ 3,5 bilhões. Lula também afirmou que a empresa não podia pensar que era “dona do Brasil” e que deveria se alinhar ao pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro.
Em julho, disse que o modelo de gestão da Vale “não tinha dono”, por ser administrada por fundos de investimento, que, segundo ele falou na época, estavam mais preocupados em vender ativos. Também criticou a privatização da empresa.
“A Vale era um motivo de orgulho extraordinário porque era uma empresa muito importante quando era pública. Privatizaram a Vale. Alguém sabe quem é dono da Vale hoje? Ninguém sabe. Hoje é pulverizada por centenas de fundos. Se quiser falar com a Vale não tem um dono. A coisa é tão descabida que até hoje não pagou a indenização de Mariana e Brumadinho com o estouro das duas barragens. Quando você vai conversar, ninguém manda, porque quem manda mais tem só 5%”, disse na época.