Donald Trump teve sua primeira passagem pela Casa Branca marcada pelas polêmicas, mas em menos de 30 dias na presidência, parece que o mundo só fala em seu nome, dia após dia
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A maneira de ser fazer política que nasceu na campanha de Donald Trump em 2016, era até aquele momento desconhecida. Sua comunicação direta com todos seus apoiadores e adversários através das redes sociais, transformou o antigo Twitter no palco global de embates políticos, dando uma visibilidade, outrora inimaginável, ao candidato antissistema. Seu modo de governar, falando de maneira fácil e enfática sobre temas complexos, logo foi copiado nos trópicos, na Europa e no extremo Oriente. Seu primeiro mandato, todavia, teve na pandemia da Covid 19 suas maiores crises e fraquezas, em um mundo relativamente estável em seu status quo.
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Desde a reabertura das fronteiras em 2022, muitas coisas mudaram na configuração global. Duas guerras de impacto generalizado se iniciaram, a China diminuiu consideravelmente sua distância para a economia norte-americana, e os Estados Unidos se aprofundaram em uma polarização irreversível que quebrou a essência de toda uma nação. As propostas e os métodos de Trump em seus primeiros quatro anos em Washington DC, foram altamente questionáveis, mas tiveram maior impacto indireto do que direto à configuração geopolítica de seu tempo. Contudo, hoje, vemos que as ordens executivas assinadas e as ameaças proferidas, buscam mudar radicalmente a posição cada vez menos importante que os Estados Unidos têm tido na esfera global.
A guerra comercial iniciada em uma escala muito maior, dá início a uma era de protecionismo exacerbado que contradiz muitos dos preceitos liberais, sob os quais foram fundados os Estados Unidos da América. Recorrer às taxações abusivas para produtos estrangeiros é uma medida extremamente arriscada e que pode ter frutos no curto prazo para frear a desindustrialização norte-americana, mas que no longo prazo, não conseguirá paralisar as forças da globalização. A economia chinesa passará a economia americana, segundo as projeções mais atuais, dentro de 10 anos, e mesmo com mudanças drásticas em certas políticas econômicas nos Estados Unidos, essa ultrapassagem será apenas postergada na linha do tempo, mas não evitada por completo.
No campo geopolítico, as sugestões sobre a saída massiva de palestinos da Faixa de Gaza, também promove um sentimento generalizado sobre a fragilidade dos direitos humanos, principalmente, quando uma das maiores nações democráticas do mundo, sugere romper com preceitos tão básicos. A remoção de uma população de sua terra natal por coerção militar em contexto de ocupação é considerada uma violação das Convenções de Genebra de 1949, e dá uma péssima mensagem ao mundo. Se atuarem de maneira autoritária, quebrando acordos internacionais, milhares de quilômetros de suas fronteiras, os Estados Unidos dariam a qualquer governo despótico a carta branca para fazer o mesmo, achacando vizinhos mais fracos militarmente, e expandindo seu território para além de sua soberania.
Sem entrar diretamente nas pautas de costumes e educacionais que constituem, de fato, uma problemática unicamente estado-unidense, a agenda econômica e geopolítica de Trump busca tornar os Estados Unidos cada vez mais relevante nas manchetes mundiais. Talvez seja uma estratégia de marketing para através do já consolidado soft power norte-americano, recuperar espaço em locais onde sua presença foi gradualmente desconsiderada. Talvez seja um prelúdio de um novo momento da política global, onde até mesmo as democracias consolidadas escolham medidas nada ortodoxas para fazer valer a sua vontade e o seu poder. Seja qual for a opção que norteou as decisões de Donald Trump até esse momento, podemos apenas concluir que esse segundo mandato será muito mais disruptivo que o primeiro e que os próximos quatro anos moldarão mais uma vez, não só a forma de se vencer eleições, mas de como se fazer política.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.