Brasileiros compram menos no supermercado diante da alta dos preços

Brasileiros compram menos no supermercado diante da alta dos preços


Pesquisa feita em janeiro mostra redução na compra de alimentos e itens de limpeza e higiene; apenas perecíveis tiveram alta

Diante do aumento no custo dos alimentos, os consumidores brasileiros estão comprando menos nos supermercados, especialmente itens essenciais. Segundo uma pesquisa da Varejo 360, realizada de 1º a 21 de janeiro de 2025, houve uma redução na aquisição de produtos como café, leite e chocolate.

Nesse período, a compra de leite UHT por cliente caiu 4,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o consumo de café torrado e moído apresentou uma queda de 2,5% por consumidor. Além disso, chocolates, biscoitos e produtos de limpeza e higiene pessoal também registraram retração nas vendas. Leia a íntegra dos resultados da pesquisa (PDF — 526 kB).

Entretanto, apesar dos preços dos itens de limpeza e higiene não estarem mais caros, a compra desses produtos também caiu. A pesquisa mostra uma leve queda de 2% na compra de sabonetes e 0,6% na compra de desodorantes. Para Fernando Faro, diretor da Varejo 360, a alta dos itens básicos prejudica a saída de itens de outras categorias.

Ao Poder360, ele afirmou as pessoas estão tendo que “apertar o cinto” em outras categorias para comprar produtos alimentícios.

Como pode observar na tabela, o Gasto Médio por Shopper no Autosserviço Alimentar teve um aumento de 6,56% entre os períodos analisados. Porém, quando analisamos a distribuição destes gastos por ‘categoria de produtos’, observamos um aumento expressivo da participação dos gastos com Commodities (itens básicos: açúcar, arroz, café) e PAS (produtos perecíveis). Ambos grupos são compostos basicamente por alimentos, é o aumento nestas categorias tem obrigado os consumidores a ‘apertar o cinto’ nas demais categorias”, disse Faro.

ALTA DA CESTA BÁSICA

Esse fenômeno ocorre em um cenário de alta nos preços da cesta básica, que subiu em 13 das 17 capitais analisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). São Paulo apresentou a cesta mais cara, chegando a R$ 851,82.

O Dieese também mostrou que o salário mínimo necessário para sustentar uma família de 4 pessoas deveria ser de R$ 7.156,15, valor mais de 4 vezes superior ao salário mínimo vigente, de R$ 1.518,00.

O preço do café em pó, por exemplo, aumentou em todas as capitais, impactado pela oferta mundial limitada e pela especulação em torno do grão. O tomate também teve alta significativa em 15 das 17 capitais analisadas. Em contrapartida, o preço da batata caiu em 9 das 10 cidades do Centro-Sul, reflexo de uma oferta maior e da produtividade das colheitas.

LULA SUGERE EVITAR PRODUTOS CAROS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugeriram que evitar produtos com preços elevados poderia contribuir para a estabilização dos custos.

Na 5ª feira (6.fev.2025), Lula afirmou que uma das maneiras de “controlar os preços” seria o consumidor evitar a compra de itens com preços elevados. Segundo o presidente, se os consumidores deixarem de comprar produtos caros, os vendedores terão que reduzir os valores para evitar perdas. Ele deu as declarações em entrevista às rádios baianas Metrópole e Sociedade. Leia o que Lula disse aqui.

A fala de Lula vai ao encontro a uma declaração anterior do ministro Rui Costa, que, em 24 de janeiro de 2025, ao comentar o preço da laranja, sugeriu que, se a fruta estivesse cara, os consumidores poderiam optar por outra alternativa. A declaração gerou críticas e piadas nas redes sociais. Leia o que Rui Costa disse aqui.

MINISTRO APONTA ESTRATÉGIA DIFERENTE

Em entrevista ao Poder360 na 3ª feira (4.fev), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o governo adotará uma estratégia diferente. Segundo ele, a gestão pretende incluir no Orçamento de 2025, que ainda será analisado pelo Congresso, um pedido de R$ 1 bilhão para formação de estoques reguladores, principalmente de arroz, feijão e trigo.

Teixeira destacou que é necessário reforçar de maneira “cuidadosa” as reservas de alimentos para evitar impactos das “altas conjunturais” nos preços. Leia o que Teixeira disse aqui.





Source link