O governo dos Estados Unidos enviará na próxima sexta-feira (7) uma nova aeronave de envio de brasileiros repatriados. Desta vez, o voo será submetido ao monitoramento de equipes do Governo Federal, que buscam assegurar o cumprimento dos termos do acordo de deportação firmado entre os dois países em 2018. Os passageiros serão deixados na cidade de Fortaleza (CE), e então transportados pela Força Aérea Brasileira (FAB) até Belo Horizonte (MG).
O voo terá como ponto de partida a cidade de Alexandria, em Louisiana, no sul dos Estados Unidos. O embarque será acompanhado por um diplomata do Consulado-Geral brasileiro em Houston, no Texas, passando por uma escala técnica em Porto Rico. O voo será acompanhado por um grupo de trabalho binacional criado para organizar as operações de deportação.
Chegando em Fortaleza, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os repatriados serão recebidos por uma equipe da Polícia Federal encarregada de realizar o processo de migração e segurança aeroportuária. Uma outra, formada por servidores do Ministério dos Direitos Humanos e da Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará, ficará responsável por prestar apoio aos imigrantes, fornecendo acesso aos serviços públicos essenciais e meios de comunicação com seus familiares.
Voo após tensão
A nova remessa de imigrantes sem documentação devolvidos pelos Estados Unidos ao Brasil acontece pouco mais de duas semanas após um incidente diplomático envolvendo a deportação de brasileiros.
Desde 2021, o Ministério das Relações Exteriores cobra do governo americano a interrupção do uso de algemas nos voos de deportação, sob a alegação de que a prática viola a lei local. No último dia 24, a situação se intensificou: 88 brasileiros foram enviados em uma aeronave fretada com falhas de manutenção e pane no sistema de ar condicionado.
O Itamaraty alegou violação do acordo firmado em 2018, que tinha por objetivo apenas a redução do tempo de espera dos brasileiros nos centros de detenção americanos. O monitoramento do novo voo busca evitar a repetição dos abusos. “A dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valor inegociável”, disse o Ministério.