Premiê da França se mantém no cargo após votação do Parlamento

Premiê da França se mantém no cargo após votação do Parlamento


François Bayrou enfrentou moções de censura apresentadas pela esquerda; medidas não conseguiram a maioria de 289 votos

O primeiro-ministro da França, François Bayrou (Movimento Democrático, centro), permanecerá no cargo depois de a Assembleia Nacional do país reprovar as moções de censura apresentadas contra ele em votações nesta 4ª feira (5.fev.2025).

As medidas, submetidas pelo partido de esquerda LFI (França Insubmissa), não conseguiram a maioria necessária de 289 votos. A 1ª moção teve 128 votos a favor. A 2ª recebeu 122.

O resultado se deu principalmente porque o PS (Partido Socialista, esquerda) e o Reagrupamento Nacional (direita) votaram contra. Os partidos têm 66 e 124 assentos na Assembleia, respectivamente.

O LFI condenou a recusa do PS em votar contra o premiê francês, mesmo que ambas os partidos estejam na mesma coalizão, a Nova Frente Popular. Em uma publicação no X (ex-Twitter), a legenda de esquerda disse que a Assembleia Nacional aceitou um orçamento “pior” que o proposto pelo ex-primeiro-ministro Michel Barnier, deposto em dezembro.

Mesmo com os votos do PS, nenhuma das moções seriam aprovadas, visto que faltaram 61 legisladores para passar a 1ª, e 67 na 2ª votação.

As duas moções de censura –eis a íntegra da (PDF – 283 kB, em francês) e da (PDF – 298 kB, em francês)– foram apresentadas depois de o premiê usar, na 2ª feira (3.fev), o artigo 49.3 da Constituição francesa para aprovar os orçamentos do Estado e de seguridade social.

Como os parlamentares não aprovaram as moções de censura nesta 4ª feira (5.fev), os orçamentos entrarão em vigor.

O projeto de orçamento proposto por Bayrou busca reduzir o deficit da França e gastos com ajustes. Diferentemente da proposta de Barnier, inclui taxação temporária de grandes fortunas e mantém os vínculos de pensão associados à inflação. A inclusão de algumas exigências da esquerda trouxe o apoio do PS.

O resultado representa uma vitória para o governo de Emmanuel Macron (Renascimento, centro). Uma deposição de François Bayrou significaria que o presidente francês enfrenta dificuldades de nomear um primeiro-ministro que consiga assegurar estabilidade politica e negociar com os parlamentares desde as eleições legislativas de julho de 2024.

Bayrou foi nomeado premiê em 13 de dezembro de 2024 depois que seu antecessor, o ex-primeiro-ministro Michel Barnier, renunciou depois de ficar só 3 meses no cargo. Ele também enfrentou moções de censura por usar artigo 49.3. Ao contrário de Bayrou, perdeu a votação.

O ARTIGO 49.3

O artigo acionado por Bayrou permite que o governo aprove um projeto sem uma votação dos deputados. O uso também abre espaço para que o Legislativo apresente uma moção de censura para vetar a decisão e depor o primeiro-ministro.

O dispositivo foi utilizado, por exemplo, pelo presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), em março de 2023 para aprovar a reforma da Previdência.

Também foi acionado por Michel Barnier para aprovar uma proposta de orçamento para seguridade social no país. Na ocasião, a coalizão de esquerda votou junto com o Reagrupamento Nacional e formou maioria para depor o premiê.





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