António Guterres afirma que retirada total da população do território, como defende o presidente dos EUA, inviabilizará criação de um Estado palestino
António Guterres classificou como “limpeza étnica” a ideia de Donald Trump de tomar a Faixa de Gaza a fim de transformá-la numa “Riviera do Oriente Médio”. Para o secretário-geral da ONU, a retirada completa da população do território, como defendeu o presidente norte-americano na 3ª feira (4.fev.2024), inviabilizará por completo a criação de um Estado palestino.
Trump (Republicano) falou da possibilidade de “assumir” a Faixa de Gaza a “longo prazo” em conversa com jornalistas, após se reunir na Casa Branca, em Washington, com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. “Todo mundo com quem falei adora a ideia de os Estados Unidos possuírem aquele pedaço de terra”, disse.
Países ao redor do mundo também reagiram duramente à ideia de retirar os mais de 2 milhões de palestinos da Faixa de Gaza. Austrália e Nova Zelândia reforçaram sua defesa da criação do Estado palestino. Na Europa, a França condenou as intenções de Trump, falando que elas podem configurar “uma grave violação do direito internacional“.
O atual conflito na Faixa de Gaza teve início em 7 de outubro de 2023, quando o grupo extremista Hamas, que controla o território, realizou um ataque a Israel, deixando 1.200 pessoas mortas. Mais de 250 israelenses foram sequestrados na ocasião. O governo Netanyahu respondeu com bombardeios e invasão.
Desde o dia 19 de janeiro vigora um cessar-fogo, o 2º do conflito. As partes negociam trocas de reféns e retirada das tropas israelenses do território palestino, onde, até 2ª feira (3.fev), a investida israelense havia deixado 62.614 mortos, segundo informou a Al Jazeera (emissora estatal da monarquia do Qatar) a partir de dados de autoridades de saúde da Faixa de Gaza.