Sob Lula, Senado não elegeu nenhum presidente da base petista

Sob Lula, Senado não elegeu nenhum presidente da base petista


Na Câmara, entretanto, o presidente já emplacou 3 nomes aliados para o comando desde sua 1ª gestão

Sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Congresso Nacional nunca elegeu um presidente que fosse filiado a um partido da base governista. Desde 2003, quando Lula assumiu o Planalto pela 1ª vez, o presidente do Senado –que representa o chefe do Congresso– sempre pertenceu a siglas de fora da coligação do governo.

Depois das eleições de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a Câmara e de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para o Senado, a estatística de presidentes do Legislativo que são filiados a outros partidos que não da base governista se mantém. Apesar disso, Lula já afirmou que trabalhará em harmonia com eles e estabelecerá “uma nova relação”.

Conforme levantamento do Poder360 baseado na lista oficial de ex-presidentes da Casa Baixa, os deputados federais elegeram presidentes pertencentes a coligações de Lula em 3 oportunidades:

1) João Paulo Cunha (PT-SP), de 2003 a 2005;

2) Aldo Rebelo (PC do B-SP), de 2005 a 2007; e

3) Arlindo Chinaglia (PT-SP), de 2007 a 2009.

O ex-deputado federal Marco Maia (PT-RS) assumiu o comando da Câmara no final de 2010, quando Michel Temer (MDB) renunciou para concorrer na chapa de Dilma Rousseff (PT). Concorreu à reeleição e recebeu 357 votos.

Em contrapartida, o Senado não elegeu um presidente que fosse do colegiado petista ou aliado à base.

GOVERNABILIDADE DE LULA SEM O CONGRESSO

Durante o seu 1º mandato, Lula teve vitórias no Legislativo. Aprovou pautas importantes ao seu governo. Foi o caso da aprovação do programa Bolsa Família, em 2004, resultado de muita negociação da administração petista com congressistas do Centrão. 

Porém, sem o apoio completo do Congresso, a governabilidade de Lula em seu 1º mandato ficou marcada pelo Mensalão –escândalo de corrupção orquestrado pela cúpula do PT para comprar o apoio de congressistas. Isso atrapalhou o petista ao final de seu governo, com partidos opositores afastando-se das negociações com o governo. 

No 2º mandato, o clima tenso que permeava a relação entre o Executivo e o Legislativo continuou. Isso levou mais congressistas a se oporem ao petista. Lula, então, enfrentou mais vetos às suas sanções quando comparado com o seu 1º governo.

Apesar disso, o Executivo novamente conseguiu aprovar novas propostas importantes, como o Minha Casa, Minha Vida, em 2009. 

No 3º mandato, a relação entre Lula e os presidentes Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) se manteve agridoce. Congressistas que não são da base petista reclamam que o presidente está cada dia mais isolado e o acesso a ele é “difícil”. Integrantes do governo disseram que essa é uma demanda que o Executivo e o Legislativo tentarão costurar melhor neste ano.

Com as eleições de Motta e Alcolumbre, pautas de interesse do governo federal, como os ajustes em relação ao IR (Imposto de Renda) devem ser aprovadas, mas a partir de concessões, como mudanças ministeriais.

Para chegar em 2026 com chances de ser reeleito, o Congresso Nacional será decisivo no futuro político do petista e até para um possível sucessor de sua gestão. Lula encara uma desaprovação de 51% e uma queda de popularidade recorde do mandato, além de uma série de promessas de campanha ainda não cumpridas.


Esta reportagem foi produzida pelos estagiários de jornalismo Davi Alencar e José Luís Costa sob a supervisão da redatora Evellyn Paola e da editora-assistente Katarina Moraes.





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