Presidente da FPA diz que governo dos Estados Unidos pode pressionar Pequim, mas que a diplomacia brasileira tem condições de negociar
O líder da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), avalia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), deve prejudicar as exportações brasileiras para a China.
“Estávamos numa situação mais pró-Brasil, com o mercado chinês aberto, com possibilidade de a gente entrar. Não entendo que continuará assim, acho que Trump vai chamar a China para a mesa e falar ‘ou vocês começam a aumentar nossa cota aí ou vocês vão ter problema com a gente nas outras áreas’”, disse em conversa com jornalistas.
Disse também que seria um cenário pior do que o enfrentado com o protecionismo europeu. Os embarques para a China representam 52% das exportações do agro brasileiro, ante 13% em relação à União Europeia.
TARIFAS
Lupion disse que as possíveis tarifas dos EUA ao Brasil não são “nada imprevisíveis” e relembrou problemas comerciais com o país norte-americano.
“Tem uma briga antiquíssima nossa com eles, que é a questão do açúcar e a questão do etanol. Eles querem aumentar nossa cota de etanol de milho e a gente quer que aumente a cota de açúcar branco que vai para lá”, declarou.
Também classificou a secretária do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA, na sigla em inglês), Brooke Rollins, como “protecionista ao extremo”. Contudo, disse que ela está fazendo a parte dela de proteger os produtores norte-americanos.
Sobre a resposta do Itamaraty e do Planalto, disse que a solução é “sentar e negociar”. Como exemplo, citou o caso do México.
“Acho que hoje o México já deixou muito claro o caminho que vai adotar. Sentou lá junto com ele, acalmou as coisas […] não tem mais tarifa. Então assim, eu entendo que ele está forçando as coisas para chamar o pessoal para a mesa e botar a bola no chão e começar o jogo de novo”, disse.
Para ele, a diplomacia brasileira tem feito um bom trabalho em defender o agro na Europa.
“[É para] dar parabéns à nossa equipe diplomática lá, tanto em Paris, quanto em Bruxelas, quanto em Roma, a gente dá a melhor qualidade, os nossos adidos agrícolas trabalhando que nem loucos lá para defender os nossos interesses”, afirmou.