Os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) e Hugo Motta (Republicanos-PB), que disputam a presidência da Câmara neste sábado (1º), fizeram à tarde seus discursos antes da votação definitiva. Leia abaixo, na íntegra, as três falas, transcritas pela equipe de taquigrafia da Câmara dos Deputados:
Marcel Van Hattem (Novo-RS)
Sr. Presidente, caros colegas Parlamentares, este é um momento solene desta Casa Legislativa, um momento em que nós decidiremos o rumo da Casa do Povo pelos próximos 2 anos.
É por isso que eu agradeço, em primeiro lugar, ao meu partido, o NOVO — Deputada Adriana Ventura, Gilson Marques, Ricardo Salles e nosso Senador Senador Eduardo Girão —, a indicação do meu nome para representar aqui uma candidatura de direita, uma candidatura de oposição, pelo meu posicionamento ideológico.
Aproveito para agradecer aos colegas Parlamentares que me incentivaram e que me apoiaram a estar aqui representando estes mesmos valores. Mas, sobretudo, Sr. Presidente, eu agradeço ao povo brasileiro, já que foi o povo brasileiro que me trouxe para cá, foi o povo brasileiro que trouxe tantos Parlamentares a esta Casa, porque se sentia longe da política. Lembro meu discurso primeiro, em 2019, quando a esta Casa cheguei, em que lembrava que tantos ativistas chegaram aqui porque a política estava distanciada do cidadão comum. Que belo momento vivemos e que belo momento não podemos perder!
Por isso, ao agradecer ao povo brasileiro, quero dizer que a primeira pauta que um Presidente da Câmara dos Deputados precisa defender, em virtude justamente do posicionamento de dezenas de Parlamentares que já assinaram requerimentos desta ordem, é o impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva.
Sr. Presidente, somos agora uma candidatura, pois coletiva que é, com o apoio de tantos Parlamentares, que diz a que veio. Aproveitando, pois, o sorteio, que na verdade não é sorteio, mas, sem dúvida nenhuma, a vontade de Deus, que me permitiu fazer o discurso primeiro, faço aqui aos demais candidatos a provocação, em particular ao Deputado Hugo Motta, que tem, sim, meu respeito e com quem conversei antes de lançar esta candidatura. Nada pessoal contra ele temos, mas, sim, contra seus posicionamentos ou até mesmo, dizendo melhor, contra a falta deles.
Há cinco temas sobre os quais eu dei entrevista a semana toda, mas os jornalistas que me entrevistaram não encontraram Hugo Motta para dizer quaisquer palavras a respeito de seus compromissos aqui, se vier a ser eleito Presidente da Câmara dos Deputados.
Eu pergunto, portanto, ao respeitável Deputado Hugo Motta se ele pautará um processo de impeachment contra Lula ou se o fato de ser uma candidatura apoiada pelo PT, pelo próprio Lula e pelo Partido Comunista do Brasil o impedirá de fazer o que é correto, o que está de acordo com a vontade do povo brasileiro.
Pergunto, Sr. Presidente, e também espero a resposta na manifestação do Deputado que tem o apoio de Lula, do PT e do Governo, se ele se comprometerá com a redução de impostos no Brasil.
Esses últimos 2 anos foram apenas de aumento de carga tributária, para quê, Deputado Osmar Terra? Para os gastos de Janja! Enquanto isso, o povo sofre com a inflação nas gôndolas do supermercado. Disseram que até a laranja deve ser substituída por outra fruta, porque o povo não consegue mais comprá-la.
É primordial que esta Casa não aumente mais os impostos, que corte gastos abusivos e reduza a carga tributária, isso, sim! É preciso que faça o combate à corrupção. Chega de vivermos um momento em que quem é corrupto é até mesmo promovido, mas quem denuncia a corrupção, quem denuncia a coisa errada é até mesmo perseguido, investigado, e, no meu caso e no de colegas Parlamentares aqui presentes, indiciados pela Polícia Federal do Lula, com o apoio do STF, que é seu sócio nesse consórcio malévolo.
Deputado Hugo Motta, haverá compromisso de V.Exa. com a defesa da redução de impostos e do combate à corrupção?
Sr. Presidente, nós precisamos ter clareza sobre a anistia aos perseguidos políticos. Na Direita, ouço muitos dizerem — alguns, na verdade — que, com o Deputado Hugo Motta Presidente, haverá anistia, mas, na Esquerda, dizem que o compromisso é não pautar anistia alguma. Como fica esta situação, Sr. Presidente?
Entre os perseguidos políticos do 8 de Janeiro, Débora dos Santos é um exemplo claro de mãe de família que não vê seus filhos há mais de 2 anos. Ela pichou “Perdeu, mané!”, fez errado, mas a estátua em que estava seu batom já foi limpa no dia seguinte, senão no dia posterior, mas até hoje ela chora por não poder ver os filhos. Que perseguição cruel de Lula, do PT e do STF! Tantos de nós aqui, Deputados perseguidos, o Presidente Bolsonaro também e outros, como o Deputado Daniel Silveira ainda preso, e, preciso lembrar, com o voto do Deputado Hugo Motta pela manutenção de sua prisão.
Sr. Presidente, talvez este seja, entre todos agora, o tema dos meus compromissos o mais importante para esta Casa.
O Congresso Nacional, em particular nossa Casa Legislativa, está humilhado, está rebaixado! Nós somos 513 Deputados Federais eleitos por mais de 200 milhões de brasileiros, mas nosso voto conjunto, seja a favor ou contra, quando é aprovado um projeto de lei nesta Câmara, vale menos do que uma decisão monocrática de um Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Aonde vamos parar, Sr. Presidente, quando o Supremo Tribunal Federal tem lá dentro um dos seus Ministros que é Líder do Governo Lula? Toda pauta de interesse do Governo, Deputado Cajado, cai na mão do mesmo Ministro. Este sorteio, Deputado Pr. Marco Feliciano, é muito, muito cheio de sorte para alguns!
Por isso, Sr. Presidente, eu quero lembrar que tivemos Deputados cassados, e esta Câmara, lamentavelmente, não se pronunciou como deveria. Começo com o Deputado Deltan Dallagnol, passo pelo Deputado Mauricio Marcon, lembro a Deputada Carla Zambelli, que, aliás, nesta semana, foi vítima de uma cassação injusta, Deputado Mendonça Filho, pelo TRE de São Paulo, por suposta disseminação de fake news ou de abuso de poder político, porque ela é influente nas redes sociais. É por isso que querem censura. É por isso que… Será? O Deputado Hugo Motta votou a favor da urgência do PL da censura. Deputado Hugo Mota, V.Exa. tem compromisso com o Governo Lula e do PT, que o apoia, em pautar o PL da censura?
Nós temos Deputados aqui perseguidos, como o Deputado Nikolas, que chamou o Lula do que ele é: ladrão. Lula é ladrão! E ele disse isso lá na ONU, representando a Câmara, e está sofrendo processo, como estão também os Deputados Gustavo Gayer, Carlos Jordy, General Girão, André Fernandes, Otoni de Paula, Eduardo Bolsonaro, Cabo Gilberto Silva, Bia Kicis, Junio Amaral, Filipe Barros, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Gilvan da Federal, Sóstenes Cavalcante, Caroline de Toni. E eu certamente esqueci alguém, porque são muitos.
O que esta Casa fará, Sr. Presidente? Eu, como Presidente, sem dúvida nenhuma, terei compromisso inadiável com essas pautas que apontei há pouco.
E, para encerrar, Sr. Presidente, eu quero lembrar aqui uma frase bíblica que me traz até emoção, Deputado Alceu Moreira, meu conterrâneo gaúcho, um versículo de um livro que o meu querido avô, meu querido avô saudoso desde 2015, quando nos deixou, o livro de Gálatas. Sobre este livro de Gálatas, o meu avô Paulo Frederico Flor escreveu o seu comentário: “E não nos cansemos de fazer o bem”. Gálatas 6:9. Repito: “E não nos cansemos de fazer o bem, pois, no tempo próprio, colheremos, se não desistirmos”.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
E conto com o voto de todos os Parlamentares que querem uma Câmara verdadeiramente independente, altiva, que seja aquilo que o povo brasileiro deseja.
Muito obrigado, Sr. Presidente
Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ)
Boa tarde a todos e a todas. Nossa candidatura apresentada pelo PSOL existe como ato de responsabilidade e coragem.
Quero destacar três pontos. O primeiro ponto é o sequestro do Orçamento público pelo Parlamento brasileiro. Não somos contra emendas ao Orçamento como forma de contribuição complementar, contudo, a forma como acontece hoje é desfuncional, ineficiente e escandalosa. O orçamento secreto não foi superado, mas repaginado. São cerca de 50 bilhões de reais por ano em emendas e parte delas sem transparência.
Em primeiro lugar, isso significa o sequestro do Orçamento do Poder Executivo, que, de acordo com a nossa Constituição, tem a competência de governar, isto é, planejar e executar o Orçamento para promover políticas públicas.
De Eduardo Cunha até Arthur Lira, há uma espécie de parlamentarização do Orçamento público.
Em segundo lugar, este modelo gera uma pulverização desses recursos com menos controle externo. É o Executivo que tem corpo técnico, visão panorâmica e instrumentos para dar racionalidade à aplicação desses recursos, é o que prevê a nossa Constituição.
Em terceiro lugar — e é de extrema gravidade —, boa parte desses recursos não possui transparência, rastreabilidade, relatório detalhado de aplicação e de objetivos, monitoramento dos impactos e efetivos mecanismos de controle externo. Sim, esse é um espaço aberto para a corrupção. Refiro-me especialmente às emendas de Comissão, para as quais não há objetividade nem nitidez nos critérios de distribuição.
Precisamos, portanto, reduzir o valor total das emendas, criar e aperfeiçoar mecanismos objetivos para a distribuição dos valores, com isonomia entre os Parlamentares, exigir relatórios detalhados dos objetivos e da aplicação dos recursos. É necessário, ainda, que as emendas obedeçam às diretrizes estratégicas do Poder Executivo.
O segundo ponto que justifica esta minha candidatura é a busca por uma Câmara dos Deputados realmente vinculada às demandas do nosso povo trabalhador. Empenho-me para dar fim à jornada de trabalho 6 por 1, ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais e promover a taxação das grandes fortunas.
Defendo uma Câmara dos Deputados que reconheça e enfrente a crise climática, que aprove projetos de proteção da biodiversidade e defesa dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Uma Câmara que tenha coragem de enfrentar os interesses das big techs e promover a regulação das plataformas digitais, para coibir o cometimento de crimes, discursos de ódio e fake news. Uma Câmara que não trave uma guerra contra os pobres, mas, sim, contra a pobreza, aprovando projetos de combate à fome, direito à terra e moradia, sem esquecer a população em situação de rua.
O terceiro ponto é a defesa da democracia. Existe, no Brasil, o avanço da extrema direita, que representa a política do ódio e da violência, a glorificação deliberada da tortura e da ditadura, a mitificação de líderes genocidas, a banalização do mal, a espetacularização do medo, o desprezo pela dignidade humana e a indiferença diante do sofrimento das pessoas.
A extrema direita nega a ciência, a pesquisa, a educação e a diversidade. Manipula a religião, para transformá-la em máquina de lucro, ódio e morte. Propaga, de forma intencional, a mentira em escala global, utilizando verdadeiras milícias digitais.
No Brasil, a extrema direita tentou dar um golpe contra a democracia. Já houve carro-bomba, homem-bomba e planos de assassinatos. Portanto, nenhum projeto que vise anistiar os golpistas pode ser pautado. Os golpistas precisam ser responsabilizados e presos. É por memória, verdade e justiça, sem anistia. Ditadura nunca mais!
Um alerta: o homem mais rico do mundo faz sinal de saudação nazista; e o extremismo de direita cresce no Brasil.
Inspiro-me nas palavras do Pastor Martin Luther King Jr., que faz um alerta aos moderados que nos pedem calma. A vocês, eu peço urgência e coragem. Não estamos exagerando. O que deve nos espantar é a barbárie tomando conta do mundo. Não podemos permitir que o Brasil seja como Ustra planejou, mas, sim, como Dom Hélder e Frei Tito sonharam.
Eu peço atenção: acomodação institucional e acordão têm limite e não serão suficientes para derrotar a extrema direita.
É tempo de coragem. Nossa candidatura existe conectada às favelas e periferias.
“Que Deus me guarde, pois eu sei que ele não é neutro, vigia os ricos, mas ama os que vêm do gueto.”
Eu cito os Racionais para dizer que essa também é a candidatura de um homem preto. Nossa candidatura existe para dizer que a favela vive no coração de cada morador, na lembrança de cada vida que a guerra levou. Amarildo, Kathem, Marquinhos, João Pedro, Agatha, Duda, nós somos o eco do grito das favelas e periferias. Como Marielle perguntou, nós também vamos perguntar: quantos mais têm que morrer até essa guerra acabar?
Nossa candidatura existe para dizer que o fundamentalismo religioso mata. Como diz Marechal: “Cuidado com aqueles que falam em nome de Deus o que Deus nunca disse e ainda se dizem acima de todos”.
Nossa candidatura existe, como cantava Elis Regina, porque “choram Marias e Clarices” e também Eunices “no solo do Brasil”; existe porque sabemos que existe uma esperança equilibrista que ainda nos leva adiante.
Nossa candidatura existe, como cantaram Milton Nascimento e Chico Buarque: “Pai, afasta de nós esse cálice de vinho tinto de sangue”.
É tempo de coragem. Como cantava Mercedes Sosa, “eu só peço a Deus que a dor não me seja indiferente, que a morte não me encontre solitário sem ter feito o suficiente”.
É tempo de coragem, e a nossa candidatura serve como um recado fraterno ao campo democrático: é preciso derrotar a extrema direita.
Como cantou Erasmo, “estou envergonhado com as coisas que vi, mas não vou ficar calado no conforto acomodado, como tantos por aí”.
É preciso dar um jeito, meus amigos! É preciso dar um jeito!
Nós estamos aqui, e nossos sonhos não morreram. É o sonho de um país de justiça, paz e liberdade; o sonho de um país com mais arroz e feijão e menos fuzil, mais escola e menos prisão; o sonho de um país em que as pessoas não sejam julgadas pela cor da sua pele, pelo seu gênero, pela sua orientação sexual, pela sua nacionalidade, pela sua etnia, pela sua religião, pela sua renda e pelo seu endereço.
Precisamos de uma Câmara transparente, popular, em defesa do Estado laico e pela democracia.
Portanto, é tempo de coragem e de esperanças infinitas. Cabe à nossa geração fazer o que outras gerações já fizeram: derrotar o fascismo no Brasil.
Por fim, eu não quero ser Presidente do sindicato do Centrão; eu quero ser guardião da democracia e representante das lutas e das esperanças do povo brasileiro.
Sem anistia!
Por democracia!
Ditadura nunca mais!
Coragem, campo democrático!
Hugo Motta (Republicanos-PB)
Muito boa tarde, meus amigos, minhas amigas, colegas Parlamentares, Brasil que nos acompanha neste momento tão importante, Presidente Arthur Lira.
É impossível subir a esta tribuna no dia de hoje e não me lembrar do dia em que vivi a emoção de ocupar este espaço pela primeira vez, em meu primeiro mandato, 14 anos atrás. Creio que cada um de nós experimentou do seu jeito, na sua alma, a sensação de olhar este plenário pela primeira vez e sentiu o que é a força da democracia, a força da vontade popular, a força do destino, pois somente essas forças são capazes de trazer cada um de nós, Deputadas e Deputados, a este plenário, a esta tribuna. E a emoção que senti é a mesma que eu sinto agora, a emoção que nunca me abandonou e nunca irá me abandonar, a emoção de que, ao olhar daqui, eu vejo líderes, vejo verdadeiros símbolos da democracia, pois cada um teve de trilhar uma longa e única jornada para estar aqui e representar o sagrado dever de ser porta-voz da única fonte legítima de poder, o povo brasileiro, em nome de quem qualquer poder é exercido.
Minhas amigas e meus amigos, quando subi aqui pela primeira vez, nunca olhei para aquela cadeira da Presidência imaginando que fosse o auge do poder de uma Deputada ou de um Deputado, e continuo pensando da mesma maneira. O auge de um projeto popular no Legislativo é aqui. Aqui chegamos pela vontade do povo, e todos que chegam até aqui são iguais. Aquela cadeira não faz nenhum de nós diferente. Ela é transitória, efêmera.
Se for da vontade de V.Exas., que eu possa ter a honra de presidir esta Casa. Quero deixar claro que serei o que sempre fui: de outra forma, mas o mesmo. Serei um Deputado-Presidente, e não um Presidente-Deputado. Sair daqui para ali não pode ser a distância entre a humildade e a arrogância.
Acredito na humildade não como discurso moral, mas como atitude de vida e como postura política. Sem nem de longe me comparar a estas grandes figuras históricas — cito-as apenas a título de ilustração —, Mandela era um líder gigantesco e tinha a marca da humildade; Gandhi, colossal, era um exemplo da força através da humildade. Considero que a arrogância é uma marca de fraqueza na vida pública e não entendo que a humildade seja sinônimo de fraqueza, mas de firmeza, uma firmeza tão consciente de suas convicções que não precisa exacerbar, não precisa desrespeitar, não precisa extrapolar e, sobretudo, não precisa se achar infalível ou absoluta.
Entendo esta Casa e este Plenário como um gigantesco e poderoso oceano, e o Presidente não comanda o mar, conduz o barco. O comandante não determina a direção das marés. Não é ele que controla as forças da natureza política. O que melhor um Presidente pode fazer é conduzir esta nau sabendo navegar. O Presidente tenta ser um bom navegador, entendendo que ninguém navega o mar, mas, no máximo, o navio. E o navio não pode nunca navegar contra as ondas do mar. As ondas hoje são as forças políticas que se formam em todo lugar e deságuam nas discussões desta Casa. E o Presidente tem de saber respeitar, o que, aliás, vem sendo feito nas últimas Presidências.
As maiorias robustas comprovam que o Plenário foi soberano tantas e tantas e tantas vezes em questões cruciais. Cabe a mim, se puder contar com o apoio de V.Exas., ter a clareza de explicar como pretendo conduzir: nada grandioso, mas uma pequena peça fundamental nesta grande construção que todos fazemos juntos na chamada história.
Quero ser um elo na corrente, um elo forte, mas com a consciência de ser apenas um elo, na corrente que não deve se quebrar, que não deve se partir, que não podemos deixar romper.
Porque, todas as vezes que romperam essa corrente em nossa história, partiram a democracia.
O meu dever é ser esse elo, passageiro, como todo poder, efêmero, mas sólido, que deverá se ligar ao elo que virá depois, para que essa corrente continue intacta e nossa democracia, inquebrantável.
Se eu for eleito o vosso Presidente, tenho certeza de que será com grande orgulho e honra. Mas, não tenham dúvida: nenhum Presidente deixa de usar este broche que nos identifica e nos iguala, nem tem direito a dois broches. Nunca lhe foi conferido um broche especial de Presidente.
O Presidente é um Deputado, que tem de servir a esta Casa como um igual, pois chegará ali com este broche e dali sairá com ele.
Nunca haverá unanimidade, mas as decisões do Presidente, se tomadas com sabedoria e humildade, nunca poderão ser decisões pessoais.
Nos últimos meses, tenho conversado com cada um de vocês, pessoalmente, ouvido as demandas e as propostas de cada um. Juntos, vamos fortalecer institucionalmente a Câmara, manter a sua autonomia e independência em relação aos demais Poderes.
É salutar compreendermos que uma boa gestão de país se faz com respeito, um pressuposto da harmonia. Um país equilibrado e um povo forte se fazem na construção dessa harmonia tão importante para a manutenção dos espaços democráticos.
Queremos uma Câmara forte, com garantia de nossas prerrogativas e em defesa da nossa imunidade parlamentar.
A garantia das prerrogativas parlamentares é essencial para o fortalecimento do povo, pois cada um de nós, Deputados e Deputadas, está diretamente relacionado aos anseios daqueles que confiaram o voto a cada uma e cada um aqui presente. Juntos, buscaremos debater temas relevantes, abrindo diversas frentes de discussão, oportunizando previsibilidade sobre a pauta legislativa, direcionando-a para um aprimoramento constante das agendas temáticas.
Considero importante a retomada das sessões no começo da tarde, evitando notificações de última hora. (Palmas.) O planejamento deve preceder nossas ações. Dessa forma, o impacto nas agendas interna e externa de cada Parlamentar é minimizado.
De maneira prática, precisamos, por exemplo, estabelecer com antecedência quais sessões serão virtuais e quais serão presenciais. Devemos também priorizar um alinhamento de pautas com o Senado, para otimizar o processo legislativo.
Se for eleito, quero buscar junto aos pares o estabelecimento de critérios para a designação de relatorias de projetos. A distribuição de relatorias precisa ser mais equilibrada, de modo a oferecer mais oportunidade a Deputados menos experientes ou com menos protagonismo, promovendo uma participação mais ampla e inclusiva do processo legislativo. É uma Câmara de todos, para todos. A multiplicidade de vozes do Parlamento deve reverberar em atitudes que estejam do lado do Brasil.
Faço aqui o meu compromisso, caso eleito, de facilitar as audiências, criar uma rotina periódica de acesso ao Presidente, com reuniões da Mesa Diretora de forma mais inclusiva e com transparência de decisões. Sou mais um entre vocês. E, como Presidente, isso não vai mudar.
Precisamos combinar qualidade e quantidade no trabalho legislativo, aprofundando o debate das pautas, fortalecendo as Comissões, tão essenciais para a discussão detalhada de projetos relevantes.
Assumi o compromisso com a bancada feminina de promover ainda mais o respeito e a visibilidade das mulheres no Parlamento, com relatorias não apenas de projetos que tratem sobre mulheres. É importante que elas assumam cada vez mais a liderança de propostas da agenda de economia, de educação e de segurança pública, além de outros projetos de interesse do Brasil. Também é preciso melhorar a estrutura da Secretaria da Mulher. A deliberação de projetos relacionados aos interesses das mulheres será incorporada de forma contínua à agenda da Casa, deixando, cada vez mais, de estar limitada apenas à semana do dia 8 de março.
Precisamos, com consciência e compromisso com o bem-estar social, a partir do que falamos, valorizar mais a nossa Secretaria de Comunicação, para que dialogue com a sociedade e explique com clareza as pautas, para que os Parlamentares participem dos conteúdos e ganhem visibilidade, principalmente nas redes sociais digitais. Hoje sabemos que as forças que agitam os mares da política ocorrem em tempo real e vêm inclusive de fora desta Casa.
Devemos compreender os novos ventos que moldam o caminho a ser navegado. Vamos ajustar as velas, estabelecer a escuta ativa e honesta e guiar os destinos do Brasil com franqueza e esperança.
O fato, amigos e amigas Parlamentares, é que todo o poder desta Casa não emana da Presidência, mas deste Plenário e de cada Deputado e Deputada individualmente, devida e legitimamente eleitos pelo povo. Caberá a mim, se puder receber a confiança de V.Exas., ser aquele que mais vai ouvir, que ficará mais rouco e que mais receberá a pancada dos ventos da nossa democracia. E reafirmo: diálogo inesgotável é a forma para encontrarmos o caminho melhor. Dialogar pressupõe ouvir. Não há voz a ser ouvida sem ouvido aberto. Haverá hora de dialogar, de colher os ventos que moldam os movimentos das ondas, e haverá hora de decidir, de ajustar as velas.
Eu tenho uma história de vida. Estou no meu quarto mandato de Deputado. Pude conviver com muitos colegas que me ensinaram muito e pude conhecer bem esta Casa. Não tenho nenhuma outra ambição a não ser ajudar neste período tão complexo do País e do mundo para que a coincidência do H do meu nome e do H das torres do Congresso seja para que façamos uma gestão cuja marca seja de outro H, de harmonia. Só há harmonia quando se respeita a independência entre os Poderes e a interdependência forjada a partir de suas obrigações. É assim que reza a Constituição. Tentarei ser o Presidente com o H de Hugo, mas, sobretudo, com o H de humildade e o H da harmonia.
Jamais seria candidato por um projeto pessoal. Só estou aqui hoje porque o Presidente do meu partido, um dos meus mestres políticos, o Deputado Marcos Pereira, tomou a decisão mais nobre e mais generosa que um homem público pode tomar e, ao fazê-lo, nos deu uma lição do que é a política no seu nível mais elevado.
Ele abriu mão de postular, merecidamente e com todas as credenciais, a Presidência desta Casa. Entendeu que seu gesto permitiria a construção política que culminou no dia de hoje, com o Parlamento pacificado e com todas as linhas de pensamento convergindo para uma ampla comunhão de princípios capaz de superar as diferenças em nome de algo maior do que eu, de algo maior do que todos nós. Fomos capazes de provar que a política não é o abismo que nos afasta, mas a ponte que nos une.
Quero aqui fazer uma homenagem e externar meu sentimento de gratidão a três nobres Deputados e companheiros de jornada: Antonio Brito, Elmar Nascimento e Isnaldo Bulhões Jr.
Amigos de extrema competência e experiência política, à altura de ocupar a Presidência desta Casa. Com altivez e humildade, abriram mão de suas legítimas pretensões para se juntar a nós em torno de uma Câmara unida e fortalecida. A vocês, meus amigos, meu sentimento de gratidão.
Agradeço também aos meus queridos companheiros de bancada do Republicanos, um time guerreiro e unido que tive a honra de liderar por 3 anos e que respaldou, por unanimidade, minha candidatura.
Quero agradecer também a todas as Deputadas e a todos os Deputados que me receberam com carinho e muita generosidade. Nesse período, dei uma pequena amostra da minha talvez melhor especialidade: ouvir, ouvir, ouvir. Espero errar o menos possível ouvindo o máximo que todos puderem me falar.
Acompanhei de perto, como Líder, a gestão que ora se encerra.
O Presidente Arthur Lira deixa para nós o maior legado de realizações legislativas e transformações reais na vida dos brasileiros que esta Casa pode (palmas), com a participação de todos, oferecer ao País, desde Ulysses Guimarães.
E não falo isso como retórica. Os feitos, os fatos, as inúmeras emendas constitucionais, as reformas que comandou para o bem do País, sua colossal agenda, fechando com a histórica reforma tributária, tudo isso faz de sua gestão só comparável ao do timoneiro da redemocratização.
E foi também o Presidente Lira que consolidou de vez essa etapa final de recuperação das prerrogativas do Parlamento. Não contra ninguém ou contra nenhum outro Poder, mas a favor da democracia, a favor da Constituição.
Minhas amigas e meus amigos, todos vocês, V.Exas., conhecem a vida de candidato. É hora de pedir voto e não cansar demais o eleitor.
Recebam o agradecimento deste seu amigo, colega, e, na condição de candidato, eu peço humildemente o voto de cada um para ter a honra de presidir, junto com todas e todos, a Casa do Povo brasileiro.
Meu muito obrigado.