Com apenas 35 anos, parlamentar do Republicanos se torna o deputado mais jovem da história a comandar a Casa; vitória contou com o endosso de 17 partidos, incluindo o PT, que vê nele um aliado
O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito nesta quarta-feira (1º) presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2026 com expressivos 444 votos, consolidando o apoio de uma ampla base partidária que incluiu desde o PT até o PL. Motta sucede Arthur Lira (PP-AL) e assume o cargo com o compromisso de fortalecer o diálogo entre os Poderes e garantir maior previsibilidade na pauta do plenário. O resultado agradou ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vê nele um aliado no Congresso.
Com apenas 35 anos, ele se torna o presidente mais jovem da história da Câmara. Sua trajetória política começou cedo: eleito deputado federal em 2010, aos 21 anos, foi líder do MDB Jovem e migrou para o Republicanos em 2018. Ao longo de sua carreira, construiu boas relações tanto com governistas quanto com opositores, o que facilitou sua ascensão ao comando da Casa.
A construção de sua candidatura ganhou força após a desistência de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e o apoio formal de Arthur Lira, que rompeu alianças anteriores para impulsionar Motta. Sua vitória contou com o endosso de 17 partidos, incluindo PP, MDB, PL, PT, PSD e Republicanos, consolidando um dos maiores arcos de alianças da história recente da Câmara.
Durante a campanha, o novo presidente prometeu equilibrar as demandas dos diferentes espectros políticos, buscando consenso nas votações e evitando pautas consideradas radicais. Uma das principais críticas à gestão de Lira foi a falta de previsibilidade nas votações, com pautas sendo definidas de última hora. Motta pretende estabelecer um calendário semanal fixo, garantindo que os deputados tenham tempo para discutir e planejar suas estratégias legislativas. Além disso, o novo presidente quer priorizar as sessões presenciais, encerrando o modelo híbrido que se manteve após a pandemia.
Outro desafio será equilibrar as pressões de grupos divergentes. Enquanto aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscam avanço de pautas econômicas, parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pressionam por medidas como a anistia de envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Motta tem sinalizado que não barrará nenhuma proposta, mas também não atuará diretamente na defesa de temas polêmicos.
O sucessor de Lira é reconhecido por sua proximidade com setores como agronegócio, financeiro e imobiliário, algo que pode influenciar sua gestão na Câmara. Em 2023, ele enfrentou críticas ao propor um projeto que permitia o uso do FGTS como garantia para empréstimos consignados, mas recuou após a repercussão negativa. Outra questão delicada é sua relação com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, de quem foi aliado durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O vínculo ainda gera desconfiança em setores da esquerda, embora Motta tenha mantido boa interlocução com o governo Lula.
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A ampla base de apoio que levou Motta à vitória também impõe desafios. Ele precisará administrar interesses divergentes sem perder o controle da agenda legislativa. Seu sucesso dependerá da capacidade de manter alianças e evitar crises internas, especialmente em um Congresso polarizado. Nos próximos dias, ele deve definir sua equipe e iniciar as negociações para a distribuição de comissões e relatorias, um movimento crucial para consolidar sua gestão.
*Reportagem produzida com auxílio de IA