Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), traçou o caminho do partido para as eleições presidenciais de 2026. Apesar de o partido manter um ministério no governo Lula, Pereira afirma que a tendência é que a sigla apoie um nome de centro-direita nas próximas eleições presidenciais. Ele, no entanto, pondera: “Eu só debato 2026 em 2026. Não posso dizer se estaremos com o Lula, quem dirá é a Executiva do partido. A tendência do partido é caminhar com alguém de centro-direita nas eleições presidenciais, mas não podemos cravar agora. Podemos ir para cá ou para lá”. A decisão, ressaltou, só será tomada mais à frente.
O deputado, que comanda o partido do próximo presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), fez críticas ao governo Lula. “O governo está um pouco sem rumo, sem direção. Falta entrosamento interno. Ministros se contradizem, portarias são revogadas. É preciso haver mais pragmatismo.”
A crítica é publicada um dia após o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmar que, se a eleição fosse hoje, Lula não seria reeleito. Kassab também chamou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de “fraco”. Tanto o Republicanos quanto o PSD ocupam ministérios na Esplanada. Na avaliação do presidente do Republicanos, a troca de Arthur Lira (PP-AL) por Hugo Motta tornará a relação entre os Poderes mais “harmoniosa”.
“Hugo precisa ser independente, mas, harmônico. Na medida do possível, ele deve ser mais harmonioso com o Planalto, sim, pela boa relação que mantém com o Alexandre Padilha (ministro de Relações Institucionais). O Arthur Lira, declaradamente, não conseguia lidar bem com o principal articulador do governo, eram desafetos. É de se esperar que as coisas melhorem”, avalia o parlamentar na entrevista ao repórter Gabriel Saboia, de O Globo. “É uma consolidação do equilíbrio, do diálogo. Este é o perfil dele e do Republicanos. O centro debate tudo, não tem preconceitos. Não por acaso está neste lugar”, acrescentou.
Marcos Pereira pregou cautela a respeito de uma maior participação do partido no Executivo em uma eventual reforma ministerial. “O partido não foi chamado para debater ampliação de espaços e eu não discuti os espaços com os líderes partidários. É melhor esperar o governo apresentar espaços e avaliaremos.” O Republicanos comanda a pasta de Portos e Aeroportos, por meio do ministro e deputado licenciado Silvio Costa Filho (PE).
O deputado também foi cauteloso ao falar sobre a possibilidade de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidatar-se à Presidência em 2026. “Essa é a arte da política. Eu não vejo o Tarcísio como principal nome do Bolsonaro, já que ele segue se colocando como candidato e confiando na elegibilidade”, afirmou. Ele disse ainda não acreditar na possibilidade de Tarcísio deixar o partido para se filiar ao PL, de Jair Bolsonaro. “Tarcísio sempre me disse que seguiria no Republicanos. É um homem de palavra, vou confiar nele.”
Hugo Motta tem a eleição dada como certa após ter recebido o apoio declarado de 17 partidos, que abarcam a quase totalidade dos deputados. Para se eleger em primeiro turno no próximo sábado, ele precisa do apoio de pelo menos 257 colegas. Sua eleição foi pavimentada depois que Marcos Pereira abriu mão de sua candidatura para apoiá-lo, alegando que o paraibano tinha maiores chances de vencer. Motta recebeu, a partir daí, o apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e conquistou apoio entre governistas e oposicionistas.
Ainda na entrevista, Marcos Pereira avaliou que a entrada de Lira no governo seria positiva para o governo na relação com o Congresso devido à sua capacidade de articulação política. O nome do deputado alagoano tem sido cotado para assumir uma pasta no governo, como o Ministério da Agricultura.
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