Brechó acusado de fraude tenta “esconder” bens após denúncias, afirmam advogados

Brechó acusado de fraude tenta “esconder” bens após denúncias, afirmam advogados


Defesa das vítimas afirma que brechó está envolvido em fraudes e tenta blindar patrimônio para evitar bloqueios

Em dezembro, o portal LeoDias revelou o escândalo dos golpes praticados pelo brechó “Desapego Legal”. Agora, nossa reportagem teve acesso a documentos inéditos de petições de algumas das vítimas, que indicam fraudes e tentativas dos donos de “blindar” o patrimônio, ao supostamente transferir bens para terceiros.

Em contato com o portal, o escritório Franco Grillo & Fogaça, que representa parte das vítimas do brechó, revelou documentos que expõem um novo olhar sobre o assunto. 

Como o brechó aplicava os golpes? 

Nas redes sociais — ainda ativas — o brechó se apresenta como um paraíso da curadoria exclusiva de itens de luxo. Mas as denúncias sugerem outra realidade, com o fechamento de contratos com pessoas físicas para receber as peças, revender e pagar posteriormente. Acontece que alguns dos fornecedores afirmam que não sentiam nem o cheiro do dinheiro.

À nossa reportagem, a defesa das vítimas denuncia que os cheques emitidos pelo brechó foram cancelados de forma irregular. “A empresa está sustando cheques de forma ilícita (sustar um cheque é permitido, desde que estejam presentes os requisitos legais como por exemplo roubo ou furto o que não é o caso). Estão sustando os cheques porque estão sem fundo”, afirma a equipe jurídica das vítimas.

Além disso, muitos clientes denunciam que, além de não receberem o que compraram, não contaram com o estorno prometido. Após as denúncias, os bastidores indicam que os empresários estão cada vez mais endividados e buscando formas de proteger seu patrimônio, conforme os advogados das vítimas.

Os documentos afirmam que, além das fraudes, os réus estão com sérios problemas financeiros e podem estar perto da falência. Extratos do SERASA obtidos pela equipe jurídica indicam vários cheques cancelados e protestos em nome da empresa, que tem risco de crédito altíssimo, registrado em 100%.

“Donos tentam blindar o patrimônio”

O material dos advogados das vítimas indica que os réus possuem vários bens que poderiam ser usados para pagar as dívidas milionárias, com matrículas de diversos imóveis. No entanto, a equipe também aponta indícios de que os donos estão tentando “blindar o patrimônio”, como uma manobra para dificultar a utilização das propriedades para quitar dívidas com credores.

“Tudo leva a crer que estão fazendo atos para ganhar tempo enquanto na verdade o objetivo é esvaziar o patrimônio para não cumprir com os contratos pactuados. Caso se confirme a prática, os lesados que entrarem primeiro na justiça devem ter seu crédito satisfeito. Os últimos, apesar de potencialmente vencerem eventuais processos judiciais, podem encontrar a empresa e os sócios já sem acervo patrimonial para saldar as dívidas”, diz o advogado Josué Calixto.

Ainda segundo a equipe das vítimas, os donos do brechó estariam tentando ocultar bens por meio de movimentações societárias irregulares: “Através de atos societários anômalos e transferências supostamente fraudulentas, efetuados entre pessoas físicas e veículos societários, controlados e administrados por eles próprios ou, até mesmo, por terceiros, e, deste modo, evitar que diversos bens e ativos sejam utilizados para saldar as dívidas contraídas junto a credores”.

Como também mencionado na matéria do Fantástico, na Globo, os advogados apontam ainda que parte dos valores foram pagos através de negociações, mas depois os responsáveis não prosseguiram com o compromisso. Mesmo assim, o brechó postando e vendendo peças nas redes sociais, além de receber pagamentos em uma plataforma de carteira digital, conforme mencionado pela equipe jurídica.

Pronunciamento

Procurados pela nossa reportagem, a equipe jurídica que representa os donos do desapego, Felipe e Francine Prado, informou que não existe nenhuma condenação. Leia o comunicado na íntegra:

A assessoria jurídica do Desapego Legal, em resposta aos supostos fatos que nos foram noticiados por esse portal de notícias informa que: “Tais imputações se verídicas, devem ser comprovadas judicialmente, o que até o momento inexiste, tendo em vista que não há nenhuma condenação, seja no âmbito cível seja no criminal, com relação aos supostos fatos alegados. Portanto, trata-se de ilações sem elementos de convicção suficientes. Não custa lembrar que, affirmanti incumbit probatio: a prova incumbe a quem afirma.

No mais, o Desapego Legal, a maior empresa de comércio de luxo do país, reitera seu compromisso com a transparência e boa-fé na condução de suas relações comerciais e permanece à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas de forma adequada.

Por fim, reiteramos nosso respeito e admiração ao Portal Leo Dias, agradecendo, novamente, a oportunidade de esclarecermos os supostos e não comprovados fatos que lhes foram noticiados.



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