Documento enviado à USAID exige alinhamento com política “América Primeiro”
A administração Trump enviou no sábado (26.jan.2025) um memorando à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) exigindo que seus mais de 10 mil funcionários se alinhem à política “América Primeiro”. O documento, que amplia uma ordem de paralisação emitida na 6ª feira (25.jan.2025), congelou a ajuda externa americana em todo o mundo e ameaça com ações disciplinares servidores que não seguirem as determinações. As informações são da Agência Reuters.
“Temos a responsabilidade de apoiar o presidente em alcançar sua visão”, escreveu Ken Jackson, assistente do administrador para gestão e recursos, no memorando intitulado “Mensagem e Expectativa para a Força de Trabalho”.
A medida estabelece uma pausa de 90 dias para revisar se os programas estão alinhados com as prioridades de política externa de Trump. Durante este período, apenas duas exceções serão permitidas: assistência alimentar humanitária de emergência e retorno de funcionários governamentais às suas bases.
Mesmo essas exceções exigirão aprovação dupla da liderança da USAID e do secretário de Estado Marco Rubio, com “informações detalhadas e justificativa” que demonstrem necessidade de preservação de vidas.
Os EUA são o maior doador global de ajuda internacional. No ano fiscal de 2023, o país destinou 72 bilhões de dólares em assistência, representando 42% de toda ajuda humanitária monitorada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2024.
O memorando proíbe comunicações externas sem aprovação prévia, inclusive entre USAID e Departamento de Estado. A agência já começou a notificar contratados para “emitir imediatamente ordens de paralisação de trabalho”.
No Sudão, onde 24,6 milhões de pessoas necessitam urgentemente de assistência alimentar, os Estados Unidos fornecem 45% da ajuda registrada pela ONU. “Qualquer redução no financiamento afetará inevitavelmente as pessoas mais vulneráveis”, alertou um porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
“Fome não significa apenas estômago vazio. Ela enfraquece a capacidade do corpo de combater infecções e doenças”, afirmou Deepmala Mahla, diretora humanitária da organização CARE.
Mudanças administrativas
Desde que assumiu o cargo na semana passada, Trump tem tomado medidas para remodelar a burocracia federal que, segundo ele, foi hostil durante sua presidência anterior (2017-2021). Centenas de funcionários federais foram realocados ou demitidos em várias agências.
Esta não é sua primeira tentativa de restringir a ajuda externa americana. Em seu primeiro mandato, ele já havia tentado reduzir significativamente o orçamento da USAID, encontrando resistência do Congresso.