O Ministério Público da Bahia (MP-BA) realiza, nesta segunda-feira, 27 de janeiro, uma audiência pública em Salvador. Em pauta estará a discussão sobre os desdobramentos do inquérito civil que apura a possível responsabilidade de Claudia Leitte. A artista surge como protagonista de danos morais à honra e dignidade das religiões de matriz africana.
Ivete Sangalo reage à polêmica envolvendo Claudia Leitte
A controvérsia surgiu após a cantora alterar o trecho da música “Caranguejo”, substituindo “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu rei Yeshua” durante apresentações.
A modificação, feita pela artista desde 2013, ano de sua conversão à religião evangélica, ganhou repercussão principalmente em dezembro do ano passado Isso após críticas do secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho. Posteriormente, o inquérito foi instaurado após a Iyalorixá Jaciara Ribeiro e o Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras (Idafro) apresentarem uma solicitação formal ao MP-BA.
“É necessário promover uma ampla discussão com representantes dos setores público e privado. Da sociedade civil organizada e das comunidades religiosas, sobretudo de matriz africana, sobre os impactos de ações dessa natureza para a honra e dignidade dos povos de terreiros. Bem como para a proteção do patrimônio histórico e cultural envolvido”, afirmaram os promotores Lívia Vaz e Alan Cedraz, por meio de nota oficial.
Claudia Leitte se posiciona sobre a polêmica
Claudia Leitte abordou o assunto pela primeira vez em uma coletiva de imprensa no dia 30 de dezembro, antes de sua apresentação no Festival Virada Salvador. Na ocasião, a cantora demonstrou preocupação com a seriedade do debate e defendeu o respeito entre as partes envolvidas.
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“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”, declarou a artista.
A audiência pública busca analisar o papel do poder público no enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa, além de garantir a proteção do patrimônio cultural representado pelas religiões de matriz africana.