Oportunidades para o agro do Brasil na era Trump

Oportunidades para o agro do Brasil na era Trump


DIRCEU PORTUGAL/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDOPlantação de soja em propriedade localizada em Manoel Ribas, na Região Sul do Paraná
Plantação de soja em propriedade localizada em Manoel Ribas, no sul do Paraná

Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos com a promessa de mudanças no comércio internacional. O foco inicial está nas tarifas contra a China, que podem gerar efeitos positivos ao agro do Brasil em cadeias como soja e sorgo, por exemplo. O cenário parece favorável também para carnes e petróleo.

Expansão de exportação de soja

O Brasil é o maior beneficiado pela disputa comercial entre Estados Unidos e China no mercado de soja. Durante a guerra comercial de 2018, as tarifas chinesas de 25% sobre a soja americana fizeram a participação do Brasil no mercado chinês saltar de 52% para 74%, enquanto os EUA recuaram para apenas 16%. Mesmo após o acordo entre China e EUA, o Brasil continuou dominando, atingiu 65% em 2022/23. Com novas tarifas na era Trump, o Brasil deve consolidar a posição de principal fornecedor de soja para a China. A oportunidade de expansão existe, mas é limitada, pois já estamos em patamares historicamente altos.

Expansão de exportação de sorgo

Além da soja, o Brasil tem potencial para expandir as exportações de sorgo num cenário de piora da relação entre EUA e China. Pequim é o maior importador mundial, e Washington, o principal fornecedor. Na última guerra comercial, o sorgo norte-americano foi a segunda cultura que mais perdeu em valor exportado. O agro brasileiro pode abocanhar uma fatia desse mercado. A Companhia Nacional de Abastecimento prevê que o Brasil vai produzir 4,5 milhões de toneladas de sorgo, o segundo maior volume da história agora em 24/25. Atualmente, o Brasil exporta 200 mil toneladas de sorgo, apenas 2% das exportações globais. Os EUA lideram este mercado com quase 6 milhões de toneladas. Ou seja, há um grande potencial para o agro nacional avançar.

A Abramilho afirma que, num primeiro momento, caso ocorram restrições ao sorgo dos Estados Unidos, elas podem gerar oportunidade para aumentar a exportação do milho brasileiro para a China em substituição ao sorgo. No segundo momento, incentivar a produção de sorgo para também vender para Pequim.

Manutenção exportação de carne bovina do Brasil

No setor de carne bovina, os EUA foram o segundo maior comprador da carne bovina brasileira em 2024. Para 2025, é esperado que haja oportunidade. O volume comprado deverá ser igualmente recorde, dado que a produção norte-americana está baixa e o preço do Brasil está atrativo em dólar. Se houver tarifas de Trump contra o Brasil, num segundo momento, elas podem tirar algum fôlego do mercado exportador de proteínas.

Para o Itaú BBA, o sebo bovino do Brasil tem mais chance de ser taxado do que a carne bovina. Isso ocorreria para fomentar o consumo de soja e milho para a produção de biocombustível nos Estados Unidos e proteger o eleitorado rural que apoia Trump.

Redução de custo via petróleo

O anúncio de investimentos do governo Trump na expansão da produção de petróleo favorece o recuo no preço global. Nesta segunda-feira (20), o barril WTI recuou 5%, repercutindo o plano do republicano. A StoneX e o CBIE enxergam pressão baixista no preço do óleo, o que é um fator favorável à redução de custo de produção agrícola.

Para o agro brasileiro, a nova Era Trump traz um horizonte de oportunidades, em soja e sorgo, onde o Brasil pode ocupar espaços deixados pelos EUA. Mas, os riscos de tarifas futuras contra o Brasil não devem ser desprezados. Os impactos reais vão depender das decisões que ainda estão por vir.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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