Lula sinaliza não disputar a reeleição, mas ministros desconfiam

Lula sinaliza não disputar a reeleição, mas ministros desconfiam


Em reunião ministerial na 2ª feira (20.jan), o presidente afirmou que poderia não concorrer em 2026; porém, ministros seguem o vendo como candidato

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na reunião ministerial de 2ª feira (20.jan.2025), que pode não concorrer à reeleição em 2026. Segundo apurou o Poder360, entretanto, os presentes no encontro entenderam a fala como um recurso de retórica e que o petista será sim candidato no ano que vem.

No discurso de abertura do encontro com seus ministros, Lula disse querer eleger um governo em 2026 para que o Brasil “siga com a democracia”, sem a volta do “neonazismo”. Disse, na ocasião, que é preciso deixar essa vontade em “alto e bom som” para não “entregar” o país “de volta ao neofascismo, ao neonazismo e ao autoritarismo”.

Ainda no tema eleitoral, o presidente também declarou que 2026 “já começou” e que a oposição já estava em campanha. Era um alerta para sua equipe também elevar o tom publicamente contra os opositores.

Na conversa só com os ministros, entretanto, o tom foi de que não precisaria ser ele a disputar o pleito de 2026. Mas não convenceu.

Como mostrou o Poder360, a saúde do presidente, de 79 anos, será um elemento central nas discussões para decidir entre a reeleição ou a escolha de um sucessor. Não há, entretanto, nenhum nome na esquerda para substituí-lo enquanto Lula estiver saudável.

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Ricardo Stuckert/Planalto – 20.jan.2025

Lula convocou a 1ª reunião ministerial de 2025 na 2ª feira (20.jan)

Sucessor indefinido

Depois da cirurgia de emergência a que o presidente precisou passar em 10 de dezembro por causa de uma hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar ocorrido em 19 de outubro, o PT voltou a acender o alerta para a falta de um sucessor para a eleição presidencial de 2026.

Caso o chefe do Executivo opte por não concorrer à reeleição ou em outros pleitos, o nome que circula em Brasília é o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). É quem todos –petistas ou não– acreditam que será o indicado do chefe do Executivo, assim como em 2018.

O 1º escalão do governo acredita que Haddad só não será o sucessor de Lula caso o próprio presidente escolha outra pessoa. A percepção é de que só ele poderia tirar esse favoritismo do ministro da Fazenda.

Mesmo com duas derrotas consecutivas –em 2018, quando perdeu a Presidência para Jair Bolsonaro (PL), e em 2022, quando perdeu o governo de São Paulo para Tarcísio de Freitas (Republicanos)–, o nome de Haddad ainda é o que mais tem força dentro da esquerda.

Pela fragilidade do histórico e prejudicado pelo desgaste de tomar decisões impopulares no comando da Fazenda, a impressão na Esplanada de Lula é que o presidente irá tentar um 4º mandato se nada de grave ocorrer até lá.

Comunicação e Bolsonaro

Também na reunião ministerial, o novo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Sidônio Palmeira, orientou os colegas a fazer mais comparações com o governo de Jair Bolsonaro (PL).

A ideia é deixar claro para a população que as ações que o governo petista está fazendo e anunciando são melhores e maiores que as entregues na administração anterior.

Lula já adotou a nova técnica. Nesta 4ª feira (22.jan), em evento no Planalto, desafiou os presentes a citar uma obra de infraestrutura feita por Bolsonaro. Depois, disse que, em qualquer métrica de comparação, o seu governo supera o do antecessor.

Na 2ª feira (20.jan), em discurso na abertura da 1ª reunião ministerial do ano, disse que a causa que vai lhe motivar em 2025 é impedir que Bolsonaro retorne.

“Tenho uma causa e essa causa é o que vai me motivar em 2025. A causa é a gente não permitir, em hipótese alguma, que esse país volte ao horror do que foi o mandato do nosso antecessor. Para a gente garantir que a democracia vai prevalecer nesse país. Que a gente garanta perfeitamente com todo o nosso vigor que esse país vai continuar sendo um país democrático e que temos um compromisso de atender às pessoas mais necessitadas”, afirmou.





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