‘Antes do pôr do sol amanhã à tarde, a invasão de nossas fronteiras estará detida, e todos os intrusos ilegais que cruzarem de alguma forma estarão de volta para casa’, declarou no Capital One Arena, em Washington
O presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump prometeu neste domingo (19) agir com “uma rapidez e força históricas” para “deter a invasão de fronteiras” por migrantes assim que tomar posse nesta segunda-feira (20). A cerimônia ocorrerá dentro do Capitólio, e não nas escadarias, devido às temperaturas glaciais previstas. “Vamos deter a invasão de nossas fronteiras”, afirmou durante um comício para uma multidão reunida no Capital One Arena, em Washington, sob fortes aplausos.
“Antes do pôr do sol amanhã à tarde, a invasão de nossas fronteiras estará detida, e todos os intrusos ilegais que cruzarem de alguma forma estarão de volta para casa”, declarou Trump. O republicano, que na segunda-feira sucederá o democrata Joe Biden, afirmou, sem apresentar provas, que “muitos” dos migrantes que chegam são “assassinos”.
Ao longo de sua fala, Trump disse ainda que vai impulsionar a produção de petróleo e acabar com políticas de diversidade, igualdade e inclusão nas contratações do governo. Confira alguns temas abaixo:
Imigração
“Depois de anos construindo nações estrangeiras, defendendo fronteiras estrangeiras e protegendo terras estrangeiras, finalmente vamos construir nosso país, defender nossas fronteiras e proteger nossos cidadãos, e vamos acabar com a imigração ilegal de uma vez por todas. Não nos invadirão. Não nos ocuparão. Não nos infestarão. Não nos conquistarão”, acrescentou.
Durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump aplicou uma política de tolerância zero, que incluiu a separação de milhares de crianças de seus pais migrantes. Desta vez, o magnata, impedido pela Constituição de exercer um terceiro mandato, tem pressa e promete agir “com uma rapidez e força históricas” para resolver “cada uma das crises que o país enfrenta”.
Para isso, pretende promulgar uma quantidade recorde de decretos presidenciais assim que iniciar seu segundo mandato. De acordo com o Wall Street Journal, Trump declarará estado de emergência na fronteira com o México. A Fox informa ainda que ele designará os cartéis do narcotráfico como organizações terroristas estrangeiras e restabelecerá o programa “Fique no México”, obrigando os migrantes a aguardarem o desfecho de seus processos do outro lado da fronteira.
Também é provável que elimine alguns programas destinados a promover a diversidade na administração federal e suspenda restrições à exploração de petróleo. Além disso, espera-se que ele conceda indultos a pessoas condenadas por invadirem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, na tentativa de impedir a certificação da eleição de Biden. Trump garantiu a seus apoiadores que eles ficarão “muito felizes” com a decisão que tomará sobre o assunto na segunda-feira.
TikTok, Elon Musk e Village People
Sob aplausos, ele também declarou ser necessário “salvar o TikTok”, o popular aplicativo de vídeos chinês, que foi brevemente banido nos Estados Unidos após a entrada em vigor de uma lei que o proibia por questões de segurança nacional.
O presidente eleito chamou Elon Musk ao palco, confirmando a enorme influência política do homem mais rico do mundo durante uma campanha que ele financiou generosamente.
Trump aproveitou para encher de elogios seu apoiador, o bilionário Elon Musk, que ele indicou para chefiar um novo Departamento de Eficiência Governamental. “Vocês viram o foguete dele ontem?”, perguntou Trump, referindo-se ao lançamento de um modelo Starship, da Space X, uma das empresas de Musk, que ocorreu na realidade na quinta-feira (16).
Trump destacou o sucesso da aterrissagem do estágio inicial do foguete, que leva os propulsores principais, mas a nave não tripulada em si explodiu após cerca de 8 minutos de voos. Musk subiu ao palco acompanhado de um de seus filhos. “Esta vitória é só o começo. O que importa é ir frente para fazer efetivamente mudanças significativas”, afirmou o empresário, gaguejando. “Temos de proteger nossos gênios”, destacou Trump.
Já o dono das empresas X, Tesla e SpaceX, que será responsável por reduzir os gastos públicos por meio de auditorias, afirmou que o objetivo da nova administração é tornar os Estados Unidos fortes “durante séculos”. “Esta vitória é apenas o começo (…) O que importa agora é fazer mudanças significativas, implementar essas mudanças e lançar as bases para que os Estados Unidos sejam fortes por um século, por séculos, para sempre”, disse Musk.
No final do comício, o grupo Village People cantou seu hit “Y.M.C.A.”, que se tornou um dos hinos de campanha do republicano.
Críticas a Biden
“Nós ganhamos”, declarou em discurso no ginásio Capital One Arena. “Vamos fazer nosso país maior do que jamais foi”, disse. “Vamos tomar nosso país de volta”, acrescentou.
Trump fez fortes críticas à administração do atual presidente, Joe Biden. “Cai o pano para quatro anos de declínio”, disse. “Este é o maior movimento político da história dos Estados Unidos”, afirmou, referindo-se a si próprio e a seus apoiadores
Ele destacou que o Partido Republicano conquistou maiorias na Câmara e no Senado e disse ter montado uma equipe de “estrelas” para seu gabinete, entre elas, o apresentador da Fox News Peter Hegseth para secretario de Defesa, o senador republicano Marco Rubio para secretário de Estado, Pam Bodi como procuradora geral e o advogado Kash Patel como diretor do FBI, a polícia federal norte-americana.
Meio ambiente
Trump disse que vai acabar com normas ambientais em vigor no país. “Vamos cortar a regulação do meio ambiente, que foi criada para parar com o progresso neste país”, disse, durante comício no ginásio Capital One, em Washington. Citando o petróleo, que ele chamou de “ouro líquido”, Trump declarou: “Vamos recuperar nossa riqueza”. Ele tem prometido acabar com iniciativas adotadas pelo governo de Joe Biden para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Compromissos antes da posse
O presidente eleito chegou a Washington no sábado (18) com a esposa Melania e o filho Barron para dar início às comemorações com fogos de artifício em seu clube de golfe na Virgínia, nos arredores da capital. Neste domingo, ele visitou o Cemitério Nacional de Arlington, onde ele permaneceu em silêncio ao lado do futuro vice-presidente JD Vance em frente ao túmulo do soldado desconhecido.
Trump tem tido uma relação problemática com as forças armadas. Apesar de frequentemente alardear seu apoio às forças militares, durante seu primeiro mandato, segundo seu ex-chefe de gabinete, ele teria zombado dos soldados mortos em combate.
*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira