Vinhos tintos da Espanha têm um notável potencial de envelhecimento

Vinhos tintos da Espanha têm um notável potencial de envelhecimento


Produzidos em várias regiões com climas e solos variados, eles refletem a riqueza do terroir espanhol

Esper Chacur Filho/Jovem Panvinho espanhol esper
A Marqués de Cáceres, fundada em 1970, é conhecida por vinhos acessíveis e de alta qualidade

O vinho espanhol, produzido de forma tradicional, com métodos e técnicas próprias das suas regiões, inclusive quanto ao uso de barricas e tempo de repouso têm uma característica comum: a longevidade. Certa vez, há uns vinte e tantos anos, o saudoso mestre e amigo Dr. Pedro Kalim Cury, dono de uma das adegas mais lindas ricas de São Paulo, quis fazer uma homenagem ao meu pai, que nasceu em 1.919 e levou num almoço, lá no antigo e, também, saudoso La Vecchia Cucina, um Marques de Riscal 1.919; descrente abrimos e o vinho, à época beirando 80 anos, estava íntegro, perfeito.

Daí passei a chamar os tintos espanhóis de “Highlander”, numa alusão ao filme de Russell Mulcahy, estrelado por Christopher Lambert. A verdade que raro é o vinho não espanhol que apresenta o potencial de guarda, evolução e, claro, longevidade, dos clássicos tintos espanhóis. Vale lembrar que os tintos espanhóis são amplamente reconhecidos por sua diversidade, complexidade e qualidade.

Produzidos em várias regiões com climas e solos variados, eles refletem a riqueza do terroir espanhol. Caracterizam-se por uma ampla paleta aromática que vai de frutas frescas e maduras a notas de especiarias, tabaco e couro, dependendo do estilo e da idade. A influência de métodos tradicionais e modernos de vinificação, como o envelhecimento em barricas de carvalho (tanto americano quanto francês), confere aos vinhos um caráter único.

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Se olharmos as principais regiões produtoras da Espanha, sempre nos depararemos com vinhos de guarda; o Priorat, por exemplo, é uma região famosa por seus vinhos tintos densos, estruturados e intensos. As uvas principais são a Garnacha (Grenache) – base para vinhos potentes e concentrados – a Cariñena (Carignan) – que adiciona acidez, estrutura e notas terrosas – e as  Syrah e Cabernet Sauvignon, que completam blends com maior complexidade.

Por seu turno, Ribera del Duero é reconhecida pelos vinhos robustos e de grande potencial de envelhecimento. A uva principal é a Tinta del País (variação local da Tempranillo): Baseia vinhos encorpados, com taninos marcantes e aromas de frutas negras, chocolate e especiarias. Já Rioja é a  mais clássica das regiões espanholas, famosa pela elegância e longevidade de seus vinhos tintos; sendo suas uvas principais, a saber, a Tempranillo, que proporciona estrutura, acidez e aromas frutados, seguida da Garnacha, que  traz corpo e sabores maduros e da Graciano e Mazuelo (Carignan) que são usadas em menor proporção para adicionar complexidade.

Os vinhos tintos da Rioja têm um notável potencial de envelhecimento, especialmente os Reserva e Gran Reserva, que passam longos períodos em barricas de carvalho e garrafa antes da comercialização. Com o tempo, esses vinhos desenvolvem características terciárias, como notas de couro, tabaco, cedro, cogumelos e especiarias, preservando uma acidez vibrante e taninos macios.

Os exemplares maduros oferecem uma experiência complexa e requintada, com um equilíbrio perfeito entre fruta e evolução (exatamente o que encontramos no Riscal 1919). Vale fazer um pequeno apanhado das vinícolas riojanas, destacando as principais. E começo pela Marqués de Riscal, que é uma das vinícolas mais tradicionais da Espanha, fundada em 1858. Reconhecida por unir tradição e inovação, produz vinhos tintos elegantes, com destaque para os Gran Reserva e seus vinhos modernos, como o Barón de Chirel.

A Marqués de Cáceres, fundada em 1970, é conhecida por vinhos acessíveis e de alta qualidade. Seus tintos variam de jovens frutados a Reservas e Gran Reservas bem estruturados, com destaque para a finesse e consistência. A prestigiada Marqués de Murrieta, esta que dista de 1852, é uma das pioneiras da Rioja. Produz o icônico Castillo Ygay Gran Reserva Especial, um dos melhores exemplares do envelhecimento prolongado, mostrando riqueza aromática e elegância.

A moderna Macán, é um projeto de luxo da parceria entre Benjamin de Rothschild e Vega Sicilia. Seus vinhos, feitos exclusivamente com Tempranillo, combinam tradição riojana com um enfoque moderno, resultando em exemplares refinados e complexos. E o destaque final é a vinícola La Rioja Alta, fundada em 1890,  que é uma vinícola clássica onde se produz vinhos excepcionais, como o Gran Reserva 890 e o Gran Reserva 904. Esses vinhos são conhecidos por sua longevidade, textura aveludada e complexidade de aromas que evoluem com décadas de guarda.

Cada uma dessas vinícolas contribui para a reputação internacional da Rioja como uma das melhores regiões vinícolas do mundo, oferecendo vinhos que encantam tanto os iniciantes quanto os grandes conhecedores. Quem deseja ter uma adega para apreciar vinhos velhos, deve considerar, com severidade, os vinhos espanhóis. Salut! 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.





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