AGU diz que ‘aspectos constantes’ em resposta da Meta sobre moderação de conteúdo causam ‘grave preocupação’

AGU diz que ‘aspectos constantes’ em resposta da Meta sobre moderação de conteúdo causam ‘grave preocupação’


Em nota, Advocacia-Geral da União considerou que alteração da Política de Conduta de Ódio pode representar ‘terreno fértil’ para violação da legislação e de preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais

Reprodução/FacebookMark Zuckerberg
AGU reforçou que as informações prestadas pela Meta também contrariam afirmações da própria empresa em recentes declarações

A Advocacia-Geral da União (AGU) manifestou sua preocupação em relação à recente Política de Conduta de Ódio implementada pela Meta. Segundo a AGU, as novas diretrizes podem resultar em violações de direitos humanos no Brasil, uma vez que não estão alinhadas com a legislação vigente e não garantem a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.

A AGU reforçou que as informações prestadas pela Meta também contrariam afirmações da própria empresa em recentes declarações feitas durante o curso da discussão sobre o Marco Civil da Internet, no âmbito de processos em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). “Em tais manifestações, representantes da empresa asseguraram que as então políticas de governança de conteúdo eram suficientes para a proteção dos direitos fundamentais dos usuários”, relembrou a nota.

A Meta, por sua vez, confirmou as mudanças em sua política de moderação de conteúdo, destacando que o objetivo é promover uma maior liberdade de expressão e simplificar as diretrizes existentes. Contudo, as novas regras permitem a associação de doenças mentais a questões de gênero e orientação sexual, além de flexibilizar as restrições a discursos que limitam a atuação de gêneros em determinadas profissões.

Diante dessa situação, a AGU anunciou a realização de uma audiência pública agendada para a próxima quinta-feira (16). O evento terá como foco discutir os impactos da nova política da Meta e as ações necessárias para garantir que a legislação nacional seja respeitada, assim como a proteção dos direitos dos cidadãos. O encontro contará com a participação dos ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR).

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– Leia a nota da Advocacia-Geral da União na íntegra: 

A Advocacia-Geral da União (AGU) recebeu, no final da noite da última segunda-feira (13/01), a manifestação da Meta Plataforms, Inc em resposta à notificação extrajudicial enviada à empresa na última sexta-feira (10/01).

No documento, a companhia informa que, por ora, encerrará o Programa de Verificação de Fatos independente apenas nos Estados Unidos. Tal programa será, segundo a empresa, substituído pelas Notas da Comunidade. No Brasil, no entanto, a checagem de fatos realizada pela Meta permanecerá ativa neste momento.

A manifestação confirma ainda que as mudanças anunciadas pela empresa relativas à Política de Conduta de Ódio já foram implementadas no Brasil com o “objetivo garantir maior espaço para a liberdade de expressão (…) e permitir um debate mais amplo e conversa sobre temas que são parte de discussões em voga na sociedade”.
Alguns aspectos constantes no documento da Meta causam grave preocupação na AGU e em órgãos do governo federal. Especialmente a confirmação da alteração e adoção, no Brasil, da Política de Conduta de Ódio que, à toda evidência, pode representar terreno fértil para violação da legislação e de preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.

As informações prestadas pela Meta também contrariam afirmações realizadas pela empresa em recentes manifestações proferidas no curso da discussão sobre o Marco Civil da Internet, no âmbito de processos em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Em tais manifestações, representantes da empresa asseguraram que as então políticas de governança de conteúdo eram suficientes para a proteção dos direitos fundamentais dos usuários.

No entendimento da AGU e de ministérios que atuam no tema, os atuais termos de uso das plataformas, assim como as mudanças informadas agora pela Meta, não estão adequadas à legislação brasileira e não são suficientes para proteção dos direitos fundamentais da cidadania.

Diante de tal cenário, e considerando a confirmação pela Meta da mudança de sua Política de Conduta de Ódio no Brasil, iniciativa que tem potencial efetivo de permitir graves violações de direitos humanos no país, a AGU, em conjunto com os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR), realizarão ainda esta semana audiência pública para discutir os efeitos da nova política implementada pela Meta, o dever de cuidado das plataformas digitais, os riscos da substituição do Programa de Verificação de Fatos no exterior e as medidas a serem ser adotadas com o objetivo de assegurar o cumprimento da legislação nacional e a proteção de direitos.

A audiência deverá ocorrer na tarde da próxima quinta-feira (16/01), em horário a ser definido. Serão convidados a participar órgãos governamentais e entidades da sociedade civil que lidam com o tema das redes sociais. Também serão convidados especialistas, acadêmicos e representantes das agências de checagem de fatos.
Assessoria Especial de Comunicação Social da AGU.

*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicado por Victor Oliveira 





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