Ator reflete sobre o impacto do personagem e explora novos horizontes artísticos
“Será que salguei o sal da Santa Ceia?” Esse bordão foi revisitado pelo ator Mateus Solano neste sábado (11/1). Ao conceder entrevista para o portal Folha de S. Paulo, o ator de 43 anos relembrou a importância de um de seus personagens mais memoráveis, que interpretou na novela “Amor à Vida“, escrita por Walcyr Carrasco e exibida entre 2013 e 2014. Apesar do sucesso, Solano acredita que a novela dificilmente seria reprisada atualmente. O motivo, em sua opinião: o politicamente incorreto que marcava o vilão homossexual, famoso por suas falas ácidas e preconceituosas.
Segundo o ator, Félix conquistou o público porque expressava pensamentos que muitos guardavam para si. Ele destaca que, nos dias de hoje, atitudes como as do personagem seriam inaceitáveis. “As pessoas curtiam porque ele dizia tudo o que cada um queria dizer e não podia, pois magoaria alguém ou até poderia ser preso. Qual chefe pode hoje chamar a secretária de cadela? Qual pessoa atualmente pode ser homofóbica, transfóbica, racista, gordofóbica, etarista? Félix era tudo isso e, mesmo assim, ainda é muito amado”, opinou o ator.
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A admiração foi tão intensa que deu acesso ao primeiro beijo homoafetivo masculino no horário nobre da Globo, protagonizado por Solano e Thiago Fragoso.
O impacto de Félix, no entanto, trouxe desafios para o ator, que buscou diversificar sua trajetória artística. Recentemente, ele interpretou o Dr. Hermínio em “Madame Durocher”, filme que aborda os desafios enfrentados por Marie Durocher, primeira mulher reconhecida pela Academia Nacional de Medicina. Seu personagem reflete o machismo estrutural da época, evidenciando o preconceito de gênero no século 19.
Com o desejo de evitar ser definido por um único papel, o ator embarcou em um novo projeto autoral: a peça “O Figurante”. Inspirado em um conto que ele começou a escrever, o monólogo aborda a jornada de um homem que vive à sombra de sua própria existência.